'Temps d'Images': Festival promove experimentação e inovação artística em Lisboa

06-10-2020

A edição deste ano do Festival Temps d'Images adaptou-se às exigências da pandemia e vai apresentar uma programação de diversidade artística, partilhando "o tempo e o espaço ao vivo", a partir de sexta-feira, em Lisboa.

Esta 18.º edição do certame seria a primeira dividida em dois momentos do ano, mas foi forçada a cancelar e reagendar a programação na totalidade para o segundo momento, que decorrerá até ao final de novembro, disse a diretora artística, Mariana Brandão.

"Com boa vontade dos parceiros e dos artistas foi possível aumentar as sessões para chegar a mais público, já que as lotações são limitadas devido às regras sanitárias, e reagendar" os 12 espetáculos de dança, teatro, performance e documentário, incluindo seis estreias absolutas previstas, indicou a responsável.

A programação do Temps d´Images, que também inclui quatro primeiras apresentações em Lisboa, tinha sido inicialmente pensada para épocas diferentes, a primeira, prevista para entre maio e junho deste ano, acabou por ser cancelada devido à pandemia da covid-19.

Apenas um espetáculo ficou fora deste segundo momento, uma peça de palco de Sara Vaz e Marco Balesteros, que não será apresentada nesta edição, mas o público poderá contar com os restantes espetáculos previstos, "todos eles adaptados às novas circunstâncias" da pandemia, assegurou.

A realidade de um quotidiano com vírus impactou o trabalho dos artistas do Temps d´Images, sobretudo nas peças que "ainda não nasceram", ou seja, as estreias, "e que, por isso mesmo, são mais permeáveis a receber estas influências", comentou Mariana Brandão.

"Mas mesmo aqueles que não estreiam novos trabalhos tiveram de ajustar os seus espetáculos por serem apresentados em lotações mais reduzidas do que o planeado. Muitos artistas decidiram desdobrar sessões para chegarem a mais público", descreveu Mariana Brandão.

A diretora artística do festival deu o exemplo de um espetáculo de Andresa Soares que implica contacto direto com o público, com toque - "I´d rather not", da coreógrafa, dramaturga e atriz, previsto para a Appleton - Associação Cultural -, motivando algumas alterações na peça, como a artista ser testada ao vírus, e de avisos ao público.

Outro artista, Tiago Cadete, também adaptou a performance/visita-guiada "Cicerone", uma obra em estreia absoluta no Temps d´Images, envolvendo sessões com número reduzido de público, que terá ponto de encontro e partida no Padrão dos Descobrimentos, e passará por vários jardins de Belém.

A flexibilidade foi uma das palavras-chave para a adaptação à nova realidade, um esforço exigido a toda a sociedade portuguesa, e ao qual os criadores não foram exceção: "Há uma grande falta de justeza nesta visão dos artistas como subsídio-dependentes. Eles tiveram de fazer um enorme esforço para conseguir chegar ao público nesta situação, avolumando muito o seu trabalho", lamentou Mariana Brandão.

"Há uma coesão entre os artistas que sai reforçada nestas circunstâncias difíceis, porque não quiseram deixar de apresentar um trabalho destinado a partilhar um tempo e um espaço ao vivo", comentou.

A diretora artística sublinhou ainda que o Temps d´Images "tem um perfil de grande diversidade artística, e está mais preocupado em apresentar peças únicas em locais especiais de Lisboa, do que nomes de artistas, sejam eles consagrados ou emergentes".

Este "Momento II" do Temps d´Images - que acabou por incluir o primeiro - abre com "Anesthetize", de sexta-feira a domingo, uma obra da coreógrafa Maurícia Neves, que terá como palco a Black Box do Centro Cultural de Belém (CCB).

Até 30 de novembro, o Temps d´Images propõe ainda, entre outros espetáculos, no Lavadouro de Carnide, a primeira estreia absoluta desta 18.ª edição, a peça "Memorial", da coreógrafa e dramaturga Lígia Soares, com a participação de Sónia Baptista.

O Centro de Artes de Lisboa (CAL) - Primeiros Sintomas receberá a peça de teatro "FIM", de André Loubet, João Estima e Rita Delgado, e o Teatro Thalia acolherá a também estreia em Lisboa da obra teatral "As Árvores Deixam Morrer Os Ramos mais Bonitos", do Coletivo Outro.

Em novembro, Alexandre Pieroni Calado e Paula Garcia apresentam a peça de teatro "A Parede", no CAL - Primeiros Sintomas, e o grande auditório do CCB receberá o espetáculo "O que Veem As Nuvens", de Ricardo Vaz Trindade.

Também em estreia absoluta, Gustavo Sumpta apresenta "Sempre em Pé", nas Carpintarias de São Lázaro, uma peça que inclui uma performance de 24 horas.

"Geografia do Amor: Vol. I", de Diego Bagagal, é a única obra 'online' desta edição do Temps d´Images, e também uma estreia absoluta, a Plataforma 285 leva ao LUX a estreia absoluta da peça teatral "Empowerbank".

O Temps d´Images encerra com a estreia, no Cinema Ideal, do documentário de Maria João Guardão intitulado "João Fiadeiro - Este afeto que me ocupa", que acompanhou a desocupação do nº 55 da Rua Poço dos Negros, em Lisboa, a sede do ateliê RE.AL, que encerrou portas no ano passado e que celebraria em 2020 o seu 30.º aniversário.

O Temps d'Images é uma produção DuplaCena/Horta Seca financiado pela Direção-Geral das Artes e pela Câmara Municipal de Lisboa.