Volta a Portugal visita concelho de Loures 29 anos depois

31-07-2019

Loures vai receber, a 2 de agosto, a segunda etapa da 81.º edição da Volta a Portugal em Bicicleta. Com inicio na Marinha Grande, a etapa conta com 198,5 km - a mais longa desta edição - e termina em Santo António dos Cavaleiros.

A edição de 2019 da Volta a Portugal decorre de 31 de julho a 11 de agosto, com a participação de 140 ciclistas, em representação de 20 equipas, 9 delas portuguesas.

Desde 1990 que Loures não recebia uma etapa da Volta a Portugal, reentrando agora no calendário de um dos maiores eventos desportivos realizados em Portugal.

Refira-se ainda que Loures é o único concelho da Área Metropolitana de Lisboa a receber uma etapa da Volta a Portugal em 2019, sendo, em simultâneo, o território mais a Sul desta edição.

A caravana da Volta vai estacionar em Santo António dos Cavaleiros, trazendo a festa da Volta ao concelho de Loures.

A 81.º edição da Volta começa com um prólogo em Viseu e termina no Porto, com um contrarrelógio individual, contando com um total de dez etapas, que totalizam 1 531 km.

Prologo - 31 de Julho - quarta-feira

VISEU - 6 Km

Maioritariamente planos, os seis quilómetros do Prólogo de Viseu, que mais uma vez estarão sediados na imponente Avenida da Europa, terão na travessia da zona histórica da cidade a maior componente técnica. Apesar da curta extensão poderão surgir diferenças acentuadas entre os principais candidatos.

1ª Etapa - 1 de Agosto - quinta-feira

MIRANDA DO CORVO » LEIRIA - 174.7 Km

Catalogada como de média dificuldade, a primeira etapa da Volta que concede a Miranda do Corvo a estreia absoluta na prova, terá na Serra da Lousã, na fase inicial da tirada, a maior dificuldade. Apesar do relevo irregular apresentar mais alguns obstáculos, o principal destaque, como sempre nos primeiros dias, será a enorme tensão no pelotão. Apesar de tudo, considerando a ausência de dificuldades na fase final da etapa, julgo que os melhores velocistas vão ser protagonistas na fantástica reta de 600 metros da Avenida Dr. João Soares, em Leiria.

2ª Etapa - 2 de Agosto - sexta-feira

MARINHA GRANDE » LOURES (St.º António dos Cavaleiros) - 198.5 Km

O regresso da Marinha Grande, um dos históricos da prova, apadrinha a mais longa etapa. Com quase 200 quilómetros mas com relevo menos agressivo que o do dia anterior, teremos a Região Oeste, um dos berços do ciclismo nacional, a marcar parte substancial da etapa. Será, contudo, já em pleno concelho de Loures que o relevo mais acentuado poderá arredar da discussão da vitória alguns dos melhores velocistas. Destaque particular para os 1400 metros finais, em plena subida, com uma pendente média de 7% que deverá abrilhantar a estreia de Santo António dos Cavaleiros na Volta.

3ª Etapa - 3 de Agosto - sábado

SANTARÉM » CASTELO BRANCO - 194.1 Km

Santarém e os municípios vizinhos há muito que mereciam este regresso da Volta. Região com enorme notoriedade na modalidade, por via de lhe ter proporcionado alguns dos seu maiores ídolos, o Ribatejo marca o primeiro terço da etapa. Será depois de Abrantes, quando rumarmos a Mação, mas sempre com o Rio Tejo à vista, que o percurso mais acidentado, recheado de Prémios de Montanha de 3ª e 4ª categoria, poderá arrastar dificuldades. Ainda assim, Castelo Branco assume-se como o local de fim de etapa com mais probabilidades de assistir a um sprint massivo dedicando total protagonismo aos velocistas.

4ª Etapa - 4 de Agosto - domingo

PAMPILHOSA DA SERRA » COVILHÃ (TORRE) - 145 Km

Com a estreia da Pampilhosa da Serra a marcar o desejado regresso da Torre à "Volta", será neste novel município a integrar o percurso da prova que se iniciam as dificuldades. Considerando a curta extensão da etapa, todas as possibilidades estão em aberto: desde o prolongamento de uma eventual batalha inicial até ao último metro da Torre, ou, mais provável, uma corrida calculista em que outros movimentam a etapa e os grandes protagonistas se reservam para a escalada final à Torre, mais uma vez apadrinhada pela Covilhã. Será o dia mais importante da primeira fase da prova.

5ª Etapa - 5 de Agosto - segunda-feira

OLIVEIRA DO HOSPITAL » GUARDA - 158 Km

Depois da Torre e da mais clara definição dos potenciais "líderes" da prova, Oliveira do Hospital vai conduzir a caravana ao merecido dia de descanso, na Guarda. Com o percurso a abraçar a maior parte dos municípios sob influência da vertente norte da Serra da Estrela será nos últimos 20 quilómetros que a escalada à mais alta cidade do país vai revelar quem recuperou bem da importante batalha da véspera.

6ª Etapa - 7 de Agosto - quarta-feira

TORRE DE MONCORVO » BRAGANÇA - 189.2 Km

Após uma longa ausência, Torre de Moncorvo regressa à Volta como porta de entrada no Nordeste Transmontano. Com um relevo muito agreste cuja dificuldade não se esgota nos três Prémios de Montanha de 3ª categoria, esta será uma das mais interessantes etapas da Volta e ficará definitivamente marcada pela bela travessia do Parque Natural do Douro Internacional. Para os que conseguirem chegar na frente, a magnífica reta de 400 metros, em ligeira inclinação, do Parque do Eixo Atlântico, reserva para Bragança a última oportunidade para os velocistas puros.

7ª Etapa - 8 de Agosto - quinta-feira

BRAGANÇA » MONTALEGRE (LAROUCO) - 156.2 Km

Bragança que se destaca nesta edição da prova como único município que recebe simultaneamente uma chegada e uma partida vai lançar a caravana para uma das mais belas jornadas da Volta 2019. Com a primeira metade da etapa a decorrer nas exigentes "barbas" do Parque Natural de Montesinho, será depois de ultrapassado o município de Chaves que a corrida se decidirá nas fantásticas "Terras do Barroso". Neste particular, as exigentes escaladas à aldeia de Torneiros, em Boticas, e, obviamente, o final na Serra que recebeu o nome do Deus Larouco, vão contribuir decisivamente para a historia desta edição da Volta.

8ª Etapa - 9 de Agosto - sexta-feira

VIANA DO CASTELO » FELGUEIRAS (St.ª QUITERIA) - 156.6 Km

Pelo relevo orográfico não será, em absoluto, uma das mais decisivas etapas da prova. Mas este dia que vai começar em Viana do Castelo confirmará que a nossa Volta preserva a enorme popularidade que começou a granjear desde a primeira edição em 1927. Municípios como Esposende, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Trofa, St.º Tirso, Paços de Ferreira, Valongo, Paredes, Penafiel, Lousada e Felgueiras que fazem desta etapa a mais urbana da Volta, vão certamente merecer a presença de milhares de adeptos na estrada. Desportivamente, as maiores dificuldades iniciam-se sensivelmente a meio da etapa com a Serra da Agrela mas nada que retire protagonismo à escalada final, de 1600 metros e que atinge pontualmente os 12% de inclinação, ao Santuário de Santa Quitéria, em Felgueiras.

9ª Etapa - 10 de Agosto - sábado

FAFE » MONDIM DE BASTO (Sr.ª da GRAÇA) - 133.5 Km

Fafe, que de forma inédita, recebeu o final da Volta em 2018, surge, agora como palco de partida da mais decisiva etapa da prova. Com pouco mais de 130 quilómetros, a mais curta desta edição da Volta, tem o condão de promover o definitivo confronto direto entre os candidatos. Para este último "assalto" teremos um primeiro embate no Viso, contagem de montanha de 2ª categoria, para de seguida, já no concelho de Mondim de Basto, os corredores terem de ultrapassar nos restantes 75 quilómetros três Prémios de Montanha de 1ª categoria, o último dos quais coincidente com a mítica "Sr.ª da Graça". Para vencer aqui, ou consolidar lideranças, só os mais fortes o podem fazer, e destes somente os que usufruam de uma enorme capacidade de recuperação que lhes permita física e animicamente assimilar todo o desgaste de uma exigente prova por etapas. Será ainda necessário ter reservas para o contrarrelógio final onde, espero, possamos ter dois ou três candidatos em condições de discutir a corrida.

10ª Etapa - 11 de Agosto - domingo

CRI - VILA NOVA DE GAIA » PORTO - 19.5 Km

Após 30 anos de ausência, o Porto receberá mais uma vez o Grande Final da Volta. O Rio Douro assume destacado papel na parceria que juntou V. N. de Gaia e o Porto para a concretização dos 19,5 quilómetros de extensão do contrarrelógio final. O percurso misto alterna zonas planas, subidas e descidas com alguma componente técnica. Realce para os derradeiros dois quilómetros quando abandonarmos definitivamente a marginal do Douro, na Ribeira, e nos encaminharmos para a meta final da 81ª Volta a Portugal Santander, na Avenida dos Aliados.

Regresso à Torre e final na Avenida dos Aliados

A 81ª Volta a Portugal Santander que recupera a importante presença do Nordeste Transmontano consegue, de forma equilibrada, unir com fases de adaptação, transição e recuperação os dias mais exigentes da prova, em que se destacam os finais na Serra da Estrela, Serra do Larouco e Sr.ª da Graça. Entendendo a Volta como um fenómeno social com responsabilidades bem mais abrangentes, em analogia com aquelas que se esgotam no campo desportivo, conseguimos, ainda e cumprindo um dos seus grande desígnios, promover estreias absolutas, como o caso das partidas de Miranda do Corvo e Pampilhosa da Serra. Algo que, após 92 anos de história, se torna cada vez mais difícil.

Em suma, esta é uma Volta marcada decisivamente pelo regresso do final na Torre, utilizando a famosa vertente da Covilhã - Penhas da Saúde - Torre, mas onde as chamadas etapas de transição, muitas vezes marcadas pelo intenso calor e orografia adversa, se podem tornar mais "madrastas" que as etapas teoricamente mais difíceis. Ainda no campo desportivo importa referir algumas alterações regulamentares que pretendem promover maior distinção dos velocistas, na luta pela classificação por pontos. Algo que as características intrínsecas do nosso território e, em particular, de muitas das nossas cidades, têm, ano após ano, arredado, os melhores "sprinters", do símbolo de guia que lhes estaria, legitimamente, destinado, a Camisola Verde.

A terminar, e ainda que bem longe das saudosas três semanas de competição, a Volta continua, pelos diversos fatores que a influenciam, a apresentar um elevadíssimo grau de exigência. E é este facto que vai, após 10 dias de competição, fazer do CRI de V. N. de Gaia -Porto, colocado estrategicamente no último dia de prova, uma das etapas mais importantes da corrida, dignificando o regresso destes dois municípios, há muito notabilizados na história da Volta.