Covid-19: TAP suspende operações para 75 destinos, apenas mantém 15

19-03-2020

A TAP vai reduzir a sua operação a partir de segunda-feira e até 19 de abril, período durante o qual apenas prevê cumprir 15 dos cerca de 90 destinos que operava, revelou a empresa.

Numa comunicação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a transportadora aérea portuguesa diz que esta decisão "pode ser revista a qualquer momento, sempre que as circunstâncias assim o exijam".

A TAP explica que a sua decisão surge em resultado das restrições impostas pelos vários Estados das geografias em que a companhia opera, "que têm vindo a ser configuradas como a principal medida de contenção da disseminação global da pandemia Covid-19", a doença provocada pelo novo coronavírus.

"Tais restrições, combinadas com a acentuada queda da procura, têm vindo a gerar sucessivos cancelamentos de voos e suspensões de rotas, resultando numa redução do volume global de tráfego aéreo nas últimas semanas", esclarece a companhia aérea.

Num comunicado à imprensa, a TAP diz que nas últimas 24 horas se verificaram "evoluções significativas das condicionantes acima referidas" e explica que vai "reduzir de forma expressiva a operação e parquear grande parte da sua frota de aviões".

"A TAP assegurará os voos em todas as rotas em que os mesmos sejam possíveis, de modo a dar resposta à missão de transportar os seus clientes para junto das suas famílias", acrescenta.

"Estamos a trabalhar na continuidade do nosso negócio, convictos de que em breve voltaremos ao ritmo normal da nossa atividade, sempre com o foco no futuro, na sustentabilidade e no crescimento da nossa TAP. Agradecemos o empenho e o sentido de missão dos nossos colaboradores neste momento em que todos têm dado tudo de si para tratar dos nossos clientes e de Portugal", afirma o presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, citado no comunicado.

Com esta decisão, entre 23 de março e 19 de abril, a TAP apenas fará três voos por semana para a América do Sul (São Paulo) a partir de Lisboa.

Na América do Norte, fará dois voos por semana de Lisboa para Newark (EWR), Boston (BODS), Toronto (YYZ) e Miami (MIA) e, na Europa, voará duas vezes por semana para o Luxemburgo (LUX), Genebra (GVA), Frankfurt (FRA), Paris (ORY) e Amesterdão (AMS). Para Londres (LHR) a TAP fará quatro voos por semana, sempre a partir de Lisboa.

Em Portugal, a TAP terá um voo diário de Lisboa para Ponta Delgada, dois para o Funchal e três para o Porto. Fará ainda três voos semanais de Lisboa para a ilha Terceira (Açores).

A companhia aérea portuguesa já tinha anunciado esta semana que iria reembolsar, com a emissão de um 'voucher' com a validade de um ano, os clientes que queiram cancelar viagens com início até 31 de maio.

Em alternativa, a TAP permite aos clientes "alterar as suas reservas para viagens com data de início até 31 de maio, remarcando a nova viagem para qualquer destino e para uma data até 31 de dezembro de 2020", informou a empresa na terça-feira.

Na semana passada, a transportador aérea já tinha anunciado que iria alargar as situações em que permite a alteração de datas e destinos nos seus voos, sem penalização, tendo em conta o impacto gerado pelo surto de Covid-19, segundo um comunicado.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.750 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 84.000 recuperaram da doença.

Em Portugal, há 642 casos confirmados de infeção e dois mortos.

A Assembleia da República aprovou na quarta-feira o decreto de declaração do estado de emergência que lhe foi submetido pelo Presidente da República com o objetivo de combater a pandemia de Covid-19.

O estado de emergência proposto pelo Presidente prolonga-se até às 23:59 de 02 de abril, segundo o decreto publicado quarta-feira em Diário da República, que prevê a possibilidade de confinamento obrigatório compulsivo dos cidadãos em casa e restrições à circulação na via pública, a não ser que tenham justificação.

As medidas que concretizam o estado de emergência serão aprovadas hoje em Conselho de Ministros.