Parques de Sintra conclui recuperação dos jogos de água dos Jardins do Palácio Nacional de Queluz

29-09-2021

A partir do próximo dia 1 de outubro, Dia Nacional da Água, nos Jardins do Palácio Nacional de Queluz, será possível voltar a apreciar o esplendor dos jogos de água característicos dos jardins setecentistas, após a conclusão do projeto de recuperação levado a cabo pela Parques de Sintra. ´

Ao longo dos últimos dois anos, as cantarias, os grupos escultóricos e as infraestruturas dos Bosquetes, do Jardim de Malta, do Jardim Pênsil e do Jardim Botânico foram objeto de intervenção. 

Para reabilitar o efeito cénico proporcionado pela projeção de água através das diferentes esculturas e elementos decorativos integrados nos jardins, ao restauro dos elementos construídos e decorativos juntou-se a revisão do sistema hidráulico das fontes e lagos, de forma a garantir o funcionamento adequado de todos os seus elementos e a melhoria dos circuitos de abastecimento de água, que foi igualmente dotado de um sistema fechado de recirculação. 

Esta solução permite, simultaneamente, acautelar preocupações de sustentabilidade, evitando o desperdício de água, e devolver à fruição dos visitantes a delicada animação da água em movimento, que cria sumptuosos cenários ao gosto galante da corte do século XVIII, uns mais formais e de aparato, outros intimistas, não esquecendo o efeito exuberante provocado pela grande cascata. 

Para tirar o máximo partido desta experiência de descoberta de lagos e fontes basta descarregar o novo percurso recomendado nos jardins, disponível no site da Parques de Sintra e na bilheteira do monumento através de QR Code.

Os jardins do Palácio Nacional de Queluz formam uma unidade com o edifício, cujas fachadas principais se desenvolvem sobre os jardins. Tanto os jardins de aparato, com um traçado "à francesa", como os restantes espaços são pontuados por estatuária - que invoca heróis, seres mitológicos e alegorias da antiguidade clássica - e por fontes e lagos profusamente decorados. 

Dos elementos decorativos recentemente restaurados, destacam-se o conjunto de esculturas em chumbo, do século XVIII, da autoria do escultor britânico John Cheere, que constitui a maior coleção in situ deste artista; o Pórtico da Fama, executado por Manuel Alves e Silvestre de Faria Lobo; e diversas esculturas em mármore da segunda metade do século XVIII provenientes de Itália. Salientam-se também os vasos em mármore e calcário e o conjunto de bustos em mármore que decoram a fachada da Sala do Trono.

O complexo sistema hidráulico que alimenta as fontes e lagos foi iniciado em 1752 por Manuel da Maia e permitiu captação das águas do Rio Jamor e de minas localizadas na envolvente do palácio, bem como o seu armazenamento e distribuição nos jardins. A água era recolhida em tanques e distribuída por gravidade para o depósito na Cascata Grande e outros reservatórios. 

Os jogos de água eram controlados por válvulas e colocados em funcionamento nos eventos e passeios da Família Real nos jardins. Com a recente intervenção, este sistema hidráulico passou a ser um sistema fechado de recirculação de água, que alimenta todos os lagos, com início no Tanque do Curro, que fica à cota mais elevada, e final na Cascata Grande, cujos excedentes são conduzidos para o Tanque de Reunião que, por sua vez, envia a água de volta ao Tanque do Curro.

Em 2012, a Parques de Sintra assumiu a gestão do Palácio Nacional de Queluz e, à semelhança do que acontece nos restantes conjuntos patrimoniais ao seu cuidado, procurou tratá-lo como uma unidade global, em que o edifício e o património natural envolvente são indissociáveis e complementares, na ótica de uma gestão integrada do monumento. 

O plano de recuperação dos Jardins do Palácio Nacional de Queluz então iniciado tem, ao longo dos anos, permitido devolver à fruição do público a memória histórica do monumento e, inclusive, reconstituir elementos que se haviam perdido ou se encontravam degradados, como o Jardim Botânico, integralmente reconstituído em 2017.