Pessoas sem-abrigo já têm centro de acolhimento em Cascais

08-10-2020

A Câmara Municipal de Cascais inaugurou um centro de acolhimento para pessoas sem-abrigo que funcionará 24 horas por dia, assegurando alojamento, alimentação, cuidados de saúde e higiene, apoio psicossocial, canil e gatil.

Na cerimónia de inauguração do espaço, que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da autarquia de Cascais destacou que este projeto "é mais um fator de coesão territorial, mais um fator de coesão social".

Carlos Carreiras explicou que a nova casa de acolhimento vai ser gerida pela Cruz Vermelha Portuguesa, que "em breve" prestará mais apoio aos cidadãos através de um centro de recursos que o município vai criar.

Em comunicado, a Câmara de Cascais defende que não se trata de "um simples centro de acolhimento" para pessoas em situação de sem-abrigo. "Mais do que um centro, pretende-se que seja uma comunidade terapêutica", salienta.

O espaço funcionará 24 horas por dia, sete dias por semana, permitindo "intervenção técnica com os utentes durante o dia", algo que normalmente não acontece na generalidade destes centros de acolhimento, uma vez que têm "horário de entrada e de saída, o que inviabiliza o acompanhamento de continuidade".

Esta casa está também pronta para receber, em instalações específicas, pessoas temporariamente desalojadas, realça o município do distrito de Lisboa, acrescentando que "outro pormenor diferenciador" prende-se com o facto de os utentes poderem levar os seus animais e aceder a apoio veterinário.

"Tem, obviamente, como principal objetivo a recuperação e reintegração social dos seus utentes. Para tal, tem um plano de intervenção individualizado, garante qualificação escolar, formativa e profissional e proporciona atividades que potenciem o bem-estar individual e comunitário", sublinha a Câmara de Cascais.

Os utentes do novo centro de acolhimento terão também de realizar tarefas de gestão de casa e de limpeza. "A ideia é criar uma rotina de trabalho e fazê-los sentir que esta é a sua casa", explica a autarquia.

Durante a sua intervenção, Carlos Carreiras convidou Marcelo Rebelo de Sousa a apadrinhar o espaço, convite que foi aceite pelo chefe de Estado.

"Este centro de acolhimento é o virar de uma página", acrescentaria o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e elogiaria a obra, a autarquia e o presidente: "Mesmo quando ainda estamos no centro da pandemia e, porventura, ainda no começo da crise económica e social, o presidente da Câmara de Cascais já está no futuro. Isto é a sua obra em Cascais. Viu sempre antes, antecipou, fez e quando os acontecimentos chegaram a obra estava feita e a missão podia ser cumprida."

Com a pandemia de covid-19, o município de Cascais criou dois centros de acolhimento temporário para sem-abrigo, em escolas secundárias da cidade, que acolheram 74 pessoas, e que tiveram de ser encerrados aquando da abertura do ano letivo.

"Surge, assim, este Centro de Recursos para a Intervenção com Pessoas em Situação de Sem-Abrigo com o objetivo de dar uma resposta permanente", sublinha a câmara na nota de imprensa.

Ao longo da intervenção, refere a câmara, 31 munícipes deixaram esses espaços por razões diversas, como acesso a habitação e a emprego.

O novo centro de acolhimento tem capacidade máxima para 45 residentes, dispondo de três camaratas de 11 camas, com acesso a casas de banho coletivas, e quatro quartos de três camas com casa de banho privada.

Atualmente, porém, devido à pandemia, a capacidade de utilização do espaço deve respeitar o máximo de 29 residentes (21 em camaratas e oito em quartos).

A câmara prevê uma verba de cerca de 510 mil euros para a gestão do espaço durante um ano.

O município adquiriu também mobiliário diverso num valor de 17,5 mil euros.