Sinos voltam à torre norte do Palácio de Mafra depois de restaurados
Os cerca de 100 sinos do Palácio de Mafra, que nos últimos meses foram apeados pela primeira vez ao fim de 200 anos, começaram hoje a voltar aos seus lugares de origem da torre norte, depois de restaurados.
O diretor da obra, Filipe Ferreira, afirmou hoje à agência Lusa que "os sinos da torre norte do monumento estão agora reparados, vão ter cabeçalhos novos em madeira e estão a ser de novo instalados para ficarem musealizados, já que apenas os da torre sul vão [voltar] tocar".
Os sinos da torre sul do monumento, no distrito de Lisboa, deverão ser içados no verão, prevendo-se que toda a empreitada fique concluída até ao final deste ano.
O trabalho em torno dos sinos permitiu também pesá-los com exatidão - o sino mais pesado da torre norte soma dez toneladas e foi retirado por grua - e fazer o levantamento das inscrições que possuem, com frases em latim retiradas dos salmos bíblicos, adiantou o diretor do palácio, Mário Pereira, à agência Lusa.
"É historicamente importante, porque o carrilhão foi sendo intervencionado ao longo destes séculos, mas os sinos grandes foram retirados pela primeira vez desde 1730", sublinhou.
O restauro dos sinos e dos carrilhões do Palácio de Mafra é um investimento de 1,5 milhões de euros.
A empreitada de requalificação, que impôs interdições de circulação por sinos e carrilhões ameaçarem cair com o mau tempo do último inverno, começou no início do verão.
As obras arrancaram depois de ter sido dado o visto do Tribunal de Contas para a assinatura do contrato de consignação com o empreiteiro, a empresa Augusto de Oliveira Ferreira Lda., de Braga, e de os ministérios das Finanças e da Cultura terem autorizado a repartição, por 2018 e 2019, dos encargos, no valor de 1,5 milhões de euros.
O concurso público tinha sido lançado em novembro de 2015.
O Governo reconheceu a "urgente necessidade de proceder à reabilitação" dos sinos e carrilhões "face ao avançado estado de degradação", assim como os "riscos de segurança não só para o património em si, como para os utentes do imóvel e transeuntes da via pública".
Os sinos, alguns a pesarem 12 toneladas, estavam presos por andaimes desde 2004, para garantir a sua segurança, e as respetivas estruturas de suporte, em madeira, se encontrarem apodrecidas.
Por isso, os carrilhões de Mafra foram classificados como um dos "Sete sítios mais ameaçados na Europa", pelo movimento de salvaguarda do património Europa Nostra.
Os dois carrilhões e os 119 sinos, repartidos por sinos das horas, da liturgia e dos carrilhões, constituem o maior conjunto sineiro do mundo, sendo, a par dos seis órgãos históricos e da biblioteca, o património mais importante do palácio de Mafra.