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Opinião

Conhece as sequelas de uma Pneumonia?

12 de novembro: Dia Mundial da Pneumonia

Autor: Prof. José Alves, médico pneumologista e presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão 

Uma Pneumonia pode deixar sequelas permanentes e até levar à morte. Todos os dias são internadas 81 pessoas com esta doença. 16 acabam por morrer. A maioria destes óbitos pode ser evitado. A vacinação antipneumocócica é a forma mais eficaz de o fazer. Hoje, mais do que nunca, devemos apostar na vacinação contra doenças graves, sempre que possível: pela nossa saúde individual e pela de todos os que nos rodeiam. Optar pela vacinação é, também, investir em saúde pública, reduzir o número de internamentos e, desta forma, contribuir para diminuição da pressão nos serviços de saúde.

As pessoas sabem que a Pneumonia é uma doença grave e reconhecem que pode ter um desfecho fatal, mas poucos são os que têm consciência de que lhes pode, de facto, acontecer. Transversal à sociedade, e apesar de ser mais comum em determinados grupos e faixas etárias, a Pneumonia é imprevisível.

Falar de Pneumonia pode significar falar de mortes, de morbilidades e de sequelas graves como bronquiectasias - deformações dos brônquios -, o compromisso da função pulmonar, a permanência de tosse, expetoração ou uma sistemática falta de ar.

As boas notícias? Podemos preveni-las. Basta optar pela vacinação. A vacinação antipneumocócica está indicada a partir das seis semanas de vida. A sua eficácia está comprovada em todas as faixas etárias, incluindo na prevenção das formas mais graves da doença. Para as crianças e para alguns grupos de adultos, faz parte do Programa Nacional de Vacinação. A restante população tem uma comparticipação de 37%.

Grupos de risco como pessoas a partir dos 65 anos e quem, independentemente da sua idade, sofre de doenças crónicas, têm, da parte da Direção Geral da Saúde, particular recomendação para o fazer. Relembro que a vacinação deve ser uma prioridade em todas as fases da vida, especialmente idosos, pessoas com doenças crónicas como diabetes, asma, DPOC, outras doenças respiratórias crónicas, doença cardíaca, doença hepática crónica, doentes oncológicos, portadores de VIH e doentes renais.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, a Pneumonia mata uma média de 16 pessoas por dia, uma pessoa a cada 90 minutos. Em 2018, foi responsável 43.4% das mortes por doenças do aparelho respiratório, 5.1% do total de óbitos no nosso País. A maioria poderia ter sido evitada através de imunização.

A pandemia que vivemos veio mostrar, uma vez mais, como somos frágeis. Enquanto o mundo espera uma vacina que teima em demorar, doenças graves como a Pneumonia têm forma de prevenção. Devemos, enquanto indivíduos, reforçar o nosso sistema imunitário, protegendo-o contra as doenças para as quais já existem vacinas e assim evitar a maioria dos internamentos. Façamos a nossa parte. Apostemos na prevenção.

António Brito Avô 

Médico Pediatra na Clínica Pediátrica António Brito Avô

Meningite: faixas etárias mais jovens estão mais vulneráveis

De rápida evolução e potencialmente fatal, a Meningite Meningocócica pode atingir todas as faixas etárias e ter consequências gravíssimas. Em cada 10 casos, pelo menos uma pessoa acaba por morrer. Na sua forma mais grave, e mesmo depois de ministrados os cuidados de saúde necessários, pode causar a morte em apenas 2 dias.

Até na sobrevivência, as consequências podem ser drásticas: 10 a 20% dos doentes fica com sequelas permanentes. Entre as mais frequentes encontram-se a surdez, o défice cognitivo ou alterações neurológicas e até a amputação dos membros.

Os primeiros sintomas da Meningite dificultam o diagnóstico precoce, uma vez que, na sua fase inicial, podem ser confundidos com os de outras infeções, como a gripe: dor de cabeça, perda de apetite, febre, náuseas, dor ao engolir e corrimento nasal. Segue-se um rápido agravamento do quadro e sinais de alarme que constituem uma emergência médica: febre alta, sensibilidade à luz e ao som metálico, o estado confusional, a prostração, a dor de cabeça e os vómitos intensos, acompanhados de rigidez da nuca e aparecimento de manchas hemorrágicas na pele. É fundamental sublinhar que, perante uma Meningite, nem todas as pessoas apresentam a totalidade destes sintomas. Em alguns casos, determinados sintomas podem nunca se manifestar ou chegar numa fase tardia e, infelizmente, irreversível, da doença.

Mais do que tratar a Meningite, devemos evitá-la e é por isso imperativo que se aposte na prevenção. A vacinação antimenigocócica é a forma mais eficaz de o fazermos. A vacinação gratuita de todas as crianças contra o Meningococo do grupo C já está contemplada no Programa Nacional de Vacinação, e a imunização contra os outros serogrupos (B,Y,W), que hoje são mais frequentes, também está recomendada pela Sociedade de Infeciologia Pediátrica, não só para os bebés e para as crianças pequenas, mas também para o grupo dos adolescentes e jovens adultos.

Apostar na prevenção é fundamental, sobretudo nas faixas etárias em que a Meningite é mais frequente, mas também naquelas em que a bactéria coloniza mais a orofaringe. O Meningococo, bactéria que causa Meningite Meningocócica, vive no corpo humano e coloniza com maior frequência os adolescentes e os jovens adultos, razão pela qual esta faixa etária volta a estar em maior risco. Os comportamentos adotados nessas idades, como a partilha de comida e bebida, o beijo íntimo, a frequência de locais sobrelotados, ou mesmo os hábitos de tabagismo, são apenas alguns exemplos de práticas que facilitam a circulação e a transmissão desta bactéria, quer entre este grupo, quer para todos os outros grupos, em particular para os mais vulneráveis, como as crianças jovens e os idosos.

Adolescentes serão sempre adolescentes e não têm de deixar de o ser. Se não vamos alterar comportamentos, optemos, então, pela prevenção e olhemos para a vacinação como uma preocupação que devemos ter em todas as fases da vida. Para esta, e para todas as outras doenças graves que, felizmente, já podemos prevenir.

Patrícia Mora

Coordenadora da Medicina Geral e Familiar, Hospital CUF Sintra

Fibrilhação Auricular: deteção precoce e controlo são fundamentais

Assinalamos, esta semana o Dia Mundial do Ritmo Cardíaco. A Fibrilhação Auricular (FA) é a arritmia cardíaca mais comum em todo o mundo que condiciona de forma independente um aumento da mortalidade e comorbilidades, tais como a insuficiência cardíaca e ou acidente vascular cerebral, condicionando hospitalizações frequentes e redução da qualidade de vida. Tendencialmente silenciosa, apesar de muito prevalecente a FA na maioria dos casos só se diagnostica tarde demais, por vezes no contexto de Acidente Vascular Cerebral. Sendo responsável por cerca de 20 a 30 % dos acidentes vasculares cerebrais isquémicos (AVCs).

Devemos, por isso, estar em alerta que, a partir de determinada idade, podemos sofrer desta arritmia, e de que a sua deteção precoce é fundamental para que a controlemos. Sobretudo quando sabemos que um em cada dez portugueses com mais de 65 anos desenvolve esta arritmia e que a partir dos 40 anos de idade a prevalência da Fibrilhação Auricular na população portuguesa ronda os 2,5 %.

A sintomatologia como o batimento descoordenado do coração, pulsação rápida e irregular(palpitações), tonturas, sensação de desmaio ou mesmo perda do conhecimento, dificuldade em respirar, cansaço (intolerância ao esforço), confusão ou sensação de aperto no peito, podem fazer suspeitar a presença de Fibrilhação Auricular.

O diagnóstico precoce é fundamental para um bom controlo desta arritmia e para evitar possíveis complicações como o AVC. Enquanto profissionais de saúde, aconselhamos a que, a partir dos 65 anos, para além de controlar parâmetros como o peso, a tensão arterial ou o colesterol, fazer uma alimentação equilibrada, praticar exercício físico e evitar o tabaco, se avalie também o ritmo cardíaco e as pulsações de forma regular, através da auto-avaliação do pulso.

Os objectivos da terapêutica são prevenir o AVC, controlar a frequência cardíaca, restaurar e manter o ritmo sinusal, melhorar os sintomas, prevenir a insuficiência cardíaca e prolongar a esperança de vida.

O esclarecimento a cada doente dos benefícios expectáveis, no início do tratamento da FA evitará expectativas infundadas e pode otimizar a qualidade de vida. Uma vez diagnosticada Fibrilhação Auricular, o risco de AVC pode ser reduzido significativamente através de terapêutica anticoagulante.

À semelhança do que se passa no resto da Europa, em Portugal, as normas aconselham a maioria dos doentes a tomar um dos Novos Anticoagulantes Orais, os chamados NOACs. Consoante a terapêutica prescrita pelo médico, a medicação poderá ser tomada uma ou duas vezes ao dia. Esta última opção tem a vantagem de aumentar a adesão à terapêutica e tornar a janela terapêutica mais regular, sem picos, logo, com redução do risco de hemorragias nomeadamente, AVC hemorrágico para quem a toma.

Uma vez prescrita, é fundamental que a terapêutica seja respeitada, sem interrupções. Qualquer alteração na toma destes medicamentos ou nas recomendações discutidas em consulta, devem ser validadas pelo médico assistente. Aposte na prevenção. Fale com o seu médico e proteja-se.

Nuno Garcia

Diretor-geral da GesConsult, empresa de gestão e fiscalização de obrasGestor 

Cinco dicas para comprar casa durante a pandemia

A pandemia da COVID-19 está a ter um forte impacto nos mais diversos setores, incluindo os da Construção e Imobiliário, que rapidamente tiveram de se ajustar à nova realidade. A venda de imóveis, que estava a muito bom ritmo, acalmou e o mercado está a mudar, mas isso não é, necessariamente, um cenário negativo para todos. 

Pelo contrário: é expectável que a crise pandémica faça baixar os preços das casas, representando grandes oportunidades para quem procura uma nova habitação ou um bom negócio.

Para quem está a pensar adquirir um imóvel, Nuno Garcia, diretor-geral da GesConsult, empresa de gestão e fiscalização de obras, deixa cinco conselhos para garantir um bom investimento:
Visite mais imóveis
  • | Com o país em isolamento social, muitas das visitas aos imóveis estão a ser feitas virtualmente, poupando-se tempo em deslocações. Aproveite a oportunidade e facilidade de chegar aos imóveis para ver mais opções, garantindo que faz a escolha mais acertada, e eleja um top3 para visitar presencialmente, quando terminar a fase de pandemia. A visita física é essencial numa fase posterior, para ver todos os pormenores que não conseguirá perceber online.
Negoceie melhor
  • Há menos procura e muitas casas disponíveis para compra. Se há uns meses um imóvel podia entrar no mercado e ser vendido no espaço de um ou dois dias, agora pode demorar meses. Para tentar escoar os imóveis, é expectável que os proprietários baixem os preços e que estejam também mais disponíveis para negociar. Aproveite a oportunidade: informe-se, analise o mercado na zona onde pretende adquirir um imóvel e esteja preparado para negociar com o proprietário ou com o agente imobiliário, garantindo um bom negócio.
Pense no que de facto valoriza
  • | Estamos a passar mais tempo em casa, fechados e a lidar com problemas que antes não tínhamos: falta de espaço para que cada um possa fazer as suas atividades isoladamente, falta de espaços exteriores, sala sem luz natural, ou mesmo o barulho dos vizinhos. Aproveite esta fase para perceber o que de facto valoriza numa habitação, para que procure uma solução à sua medida. Se valoriza um bom isolamento acústico, se gostaria de ter um jardim e se está a pensar aumentar a família, deve procurar uma casa que responda já a essas necessidades.
Garanta o crédito bancário
  • | Com a situação de pandemia que estamos a viver, há uma maior resistência dos bancos em dar crédito, o que pode inviabilizar muitos negócios. Se houver necessidade de ter um crédito à habitação, fale primeiro com o seu banco e perceba quais as possibilidades de o conseguir e que valores conseguirá atingir, para que, mais à frente, depois de escolher a casa que deseja, não a perca por falta de aprovação do crédito.
Aproveite para investir
  • | Se tiver algumas poupanças, aproveite para investir em imobiliário, mercado que dá sempre bons retornos. Com a baixa de preços e uma maior abertura para negociar, esta é uma ótima altura para comprar alguns bens, que poderá, depois, colocar no mercado de arrendamento, ou até vender quando o mercado voltar a estar em alta. As crises são cíclicas e retomaremos a procura e os valores habitais a médio prazo, pelo que facilmente lucrará com o investimento.

O mercado imobiliário, como muitos outros, funciona a longo prazo. Por isso, mesmo que o cenário pareça catastrófico aos dias de hoje, é importante manter a confiança nos investimentos e aguardar: qualquer negócio tem um tempo certo, seja comprar ou vender. Estando em isolamento, é uma ótima altura para dedicar mais tempo a analisar o mercado, as zonas envolventes e as vantagens e desvantagens de cada opção, para conseguir o melhor negócio ou a melhor casa para a família.

Isabel Saraiva

Médica, fundadora do Movimento Doentes pela Vacinação - MOVA

Semana Europeia da Vacinação: Tem as vacinas em dia? 

Para assinalar a Semana Europeia da Vacinação, o Movimento Doentes Pela Vacinação (MOVA) realizou um inquérito para avaliar as perceções da comunidade sobre vacinação e a sua importância, ao longo da vida. Os resultados foram surpreendentes: 94,3% dos inquiridos afirmou que tinha as suas vacinas em dia e 89,1% acrescentou que eram fundamentais na prevenção de doenças graves. No entanto, entre os inquiridos pertencentes ao grupo com risco acrescido de contrair Pneumonia, apenas 44,62% tinha sido aconselhado a vacinar-se contra a doença. Isto apesar de 87,4% das pessoas afirmar saber para que doenças deve estar vacinado na sua idade mas, nas idas ao médico, apenas 48% falar sobre vacinação.

«A vacinação deve ser uma preocupação de todos, e deve estar presente em todas as fases das nossas vidas», explica Isabel Saraiva, fundadora do MOVA, vice-presidente da Respira e presidente da Fundação Europeia do Pulmão. «Começamos, como comunidade, a ter uma boa consciência da importância da vacinação, não só nos mais novos, mas em todas as faixas etárias. Continua a haver, no entanto, algum desconhecimento entre quem devia estar mais informado, no caso, os grupos em maior risco».

Entre os inquiridos mais vulneráveis à Pneumonia (quem sofre de doenças crónicas como diabetes, asma, DPOC, doença respiratória crónica, doença cardíaca, doença hepática crónica, é doente renal ou portador de VIH ou tem mais de 65 anos), apenas 44,62% tinha sido aconselhado a vacinar-se contra a doença. 55,38%, apesar de ter maior probabilidade de a contrair, não tinha recebido este conselho. Isto apesar de, do total dos inquiridos, 94,3% das pessoas acreditar ter as suas vacinas em dia, e de existir, desde 2015, uma Norma da Direção Geral da Saúde (011/2015) que recomenda a vacinação de grupos de adultos com risco acrescido de contrair doença invasiva pneumocócica (DIP).

Dados em sintonia com com os resultados apurados quando foi solicitado que os inquiridos selecionassem as patologias para as quais sabiam haver vacina. A Pneumonia ficou na última posição (66,9%), atrás da Gripe (98,6%), do Tétano (97,3%), do Sarampo (94,7%), da Meningite (91,1%), do HPV (90,3%), daVaricela (84,6%), da Hepatite (82,1%), da Poliomielite (81,4%) e da Raiva (69,3%).

96,5% dos inquiridos considera que a vacinação deve ser uma preocupação ao longo da vida mas, quando questionados sobre que faixas etárias se devem vacinar, apenas 87% selecionou todas as opções: bebés, crianças, adolescentes, jovens adultos, adultos e idosos. Uma percentagem alta mas, ainda assim, com margem para melhorar. A vacinação ao longo da vida é uma das bandeiras do MOVA, que vai continuar a lutar para por a vacinação na equação.

Ficha Técnica :: Nome do Inquérito: MOVA | Perceções sobre Vacinação :: 661 respostas recolhidas entre 25.03.2019 e 16.04.2019 :: Pessoas residentes em Portugal com mais de 18 anos :: fonte primária de contacto | Página de FB MOVAEnim ad minima veniam quis nostrum exercitationem ullam corporis."