Alkantara Festival traz a Lisboa artistas de onze países em novembro
O Alkantara Festival 2024 vai levar a Lisboa, entre 15 e 30 de novembro, projetos de artistas de 12 países, entre eles Mohamed El Khatib, Dana Michel e Keli Freitas, inspirados em histórias de morte e vida.
O festival regressará a diversos palcos e espaços da capital - com sete estreias absolutas e sete estreias nacionais - cruzando diferentes artes performativas - dança, teatro e performance - com outras áreas artísticas e de conhecimento, segundo a programação completa anunciada hoje pela organização.
Projetos de artistas do Brasil, Argentina, África do Sul, Canadá, Colômbia, França, Finlândia, Líbano, Palestina, Reino Unido, Grécia e de criadores portugueses ou que criam os seus trabalhos em Portugal, vão marcar presença.
O espetáculo "A Noiva e o Boa Noite Cinderela", anteriormente anunciado, da artista brasileira Carolina Bianchi, pela primeira vez em Portugal, vai abrir a edição deste ano do Alkantara Festival, que decorrerá até 30 de novembro em teatros e outros espaços cultuais.
Entre os artistas hoje anunciados estão o argentino Tiziano Cruz, que irá apresentar o espetáculo "Wayqeycuna", sobre os laços de sangue entre comunidades indígenas, a dupla de artistas Émilie Monnet e Waira Nina, que trarão ao palco "Nigamon/Tunai", inspirado nas ligações entre povos indígenas, ou Mohamed el Khatib, com "A vida secreta dos velhos", criação baseada em testemunhos de pessoas entre os 80 e os 100 anos, enquanto a coreógrafa Sonya Lindfors e a escritora ativista Maryan Abdulkarim trarão uma peça sobre o potencial do sonho coletivo.
O programa do festival -- dirigido por Carla Nobre Sousa e David Cabecinha - é atravessado por histórias entre a vida e a morte, algumas com o peso da violência, do luto, da injustiça, outras impregnadas de amor e esperança.
A artista libanesa Alia Hamdan, que apresentará "O corpo está aqui fora de campo", sobre alguém que fica em coma durante a guerra, a brasileira Keli Freitas, residente em Portugal, com "Volta para a tua terra", peça autobiográfica sobre raízes e imigração, e Dana Michel, com uma performance sobre a vivência diária no local de trabalho, também são nomes hoje revelados pela organização.
Além dos teatros de Lisboa, a Biblioteca Palácio Galveias, o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), a Culturgest e a Casa da América Latina são alguns dos outros espaços onde serão apresentados espetáculos.
Numa produção Alkantara, com estreia no Teatro do Bairro Alto - depois de uma antestreia no Festival Santarcangelo, em Itália - Francisco Thiago Cavalcanti, artista brasileiro da dança, do teatro e da performance, que se apresenta como "'queer', neurodiverso, não-branco", incorpora, por seu turno uma baleia solitária em "52blue".
Mamela Nyamza, coreógrafa sul-africana, apresenta-se pela primeira vez em Portugal no São Luiz Teatro Municipal, com "Hatched Ensemble", um trabalho que revisita o seu solo autobiográfico "Hatched" (2007), para abraçar e expor as complexidades da construção de identidades a partir da dança.
Por seu turno, o artista palestiniano Basel Zaraa, radicado no Reino Unido, criou "Querida Laila", que recorre à exploração dos sentidos para aproximar públicos das experiências de exílio e de guerra, como forma de enfrentar, expressar e compreender o trauma do povo palestiniano.
"Querida Laila, tens agora cinco anos e começaste a perguntar-me onde cresci, e porque é que não podemos ir lá", uma frase que responde às perguntas da filha sobre a situação do seu povo, a partir da qual regressa à casa onde cresceu, no campo de refugiados palestinianos de Yarmouk, na Síria.
O trabalho, que percorre as memórias da sua infância e da luta do povo palestiniano, é uma instalação-performance que o Alkantara Festival apresenta em conjunto com o Teatro Nacional D. Maria II, na Biblioteca Palácio Galveias.
No festival haverá ainda programas com curadorias convidadas, nomeadamente, Cartas do Fogo, para pesquisas e diálogos com o pensamento e práticas artísticas indígenas contemporâneas, e a 3.ª Mostra.BRABA: "Transmissão", que reunirá propostas originais de "memórias para deslocar perceções sobre identidades no presente".
O Alkantara Festival é financiado pela Direção-Geral das Artes e pela Câmara Municipal de Lisboa, coproduzido pelo Centro Cultural de Belém, Centro de Arte Moderna - Gulbenkian, Culturgest, Lisboa Cultura, São Luiz Teatro Municipal, Teatro do Bairro Alto e Teatro Nacional D. Maria II.