Alojamentos turísticos registaram 60% de reservas canceladas em todo o país
Mais de 60% dos alojamentos turísticos reportam cancelamentos de reservas para os meses de junho a outubro devido à pandemia, sobretudo por parte de hóspedes nacionais, seguidos dos espanhóis, britânicos, franceses e alemães, informou o INE.
De acordo com um questionário efetuado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para avaliar o impacto da pandemia de covid-19 nas unidades turísticas em Portugal, e que obteve cerca de 4.300 respostas válidas, 62,5% dos estabelecimentos respondentes (representativos de 79,0% da respetiva capacidade da oferta) assinalaram que a pandemia motivou o cancelamento de reservas agendadas para o período de junho a outubro de 2020.
A Região Autónoma dos Açores foi a que apresentou maior peso de estabelecimentos com cancelamentos de reservas (94,3% dos estabelecimentos e 91,8% da capacidade oferecida), seguindo-se o Algarve (78,9% e 89,6%, respetivamente), a Área Metropolitana de Lisboa (74,0% e 84,7%, pela mesma ordem) e a Madeira (71,6% e 87,3%, respetivamente).
No segmento da hotelaria, 79,4% do total de estabelecimentos (86,2% da capacidade oferecida) reportaram cancelamentos de reservas devido à pandemia, tendo esta percentagem ascendido a 60,3% dos estabelecimentos de alojamento local (62,5% da capacidade oferecida) e a 51,0% do total no turismo no espaço rural e de habitação (54,7% da capacidade).
Segundo nota o INE, entre os estabelecimentos com cancelamentos de reservas neste período, "a proporção de estabelecimentos reportando cancelamentos parciais ou totais de reservas diminui ao longo dos meses".
De acordo com a informação agora recolhida, 92,0% destes estabelecimentos reportaram cancelamentos para junho, 89,2% para julho, 78,5% para agosto e 69,9% para setembro.
Quando questionados sobre os principais mercados com cancelamentos de reservas (podendo cada estabelecimento identificar até três mercados), o mercado nacional foi o mais referido, tendo sido identificado por 48,9% dos estabelecimentos de alojamento turístico.
O mercado espanhol surgiu a seguir (47,0% dos estabelecimentos), seguindo-se os mercados britânico (37,4%), francês (33,1%) e alemão (24,9%).
Analisando os mercados identificados como um dos três com maior número de cancelamentos de reservas em cada região, observa-se que, no norte, o mercado espanhol foi identificado por 57,3% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado nacional, referido por 48,5%.
Já no centro, o mercado nacional foi mencionado por 69,6% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado espanhol (48,6% dos estabelecimentos), enquanto na Área Metropolitana de Lisboa o mercado espanhol foi referido por 51,8% das unidades turísticas, no Alentejo o mercado nacional foi identificado por 61,4% dos estabelecimentos e no Algarve 72,7% dos estabelecimentos referiram o mercado britânico.
Nos Açores, verifica-se que o mercado nacional foi identificado por 68,2% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado alemão (45,5% dos estabelecimentos), enquanto na Madeira este foi identificado por 64,0% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado francês (45,0% dos estabelecimentos) e o britânico (39,6% dos estabelecimentos).
O INE reporta que, na hotelaria, o mercado nacional foi mencionado como um dos três mercados com maior número de cancelamentos por 58,1% dos estabelecimentos, seguindo-se os mercados espanhol (57,1%) e britânico (42,3%)
Já nos estabelecimentos de alojamento local, o mercado espanhol foi identificado por 45,7% dos estabelecimentos, seguindo-se os mercados britânico (38,0%) e nacional (37,6%), e nos estabelecimentos de turismo no espaço rural e de habitação o mercado nacional foi mencionado por 56,3% dos estabelecimentos.
A maioria dos estabelecimentos que planeava estar em atividade entre junho e outubro previa registar taxas de ocupação inferiores a 50% em cada um desses meses.
Segundo o INE, "é nos meses em que tradicionalmente a solicitação de serviços de alojamento turístico é mais intensa que se verifica uma maior proporção de estabelecimentos que esperam taxas de ocupação mais elevadas": Em agosto, cerca de 41,0% dos estabelecimentos que responderam planear estar abertos neste mês preveem taxas de ocupação superiores a 50%, proporção que se reduz para 30,7% dos estabelecimentos em julho e 22,0% em setembro.
A maioria dos estabelecimentos inquiridos (56,8%) não prevê alterar os preços praticados face ao ano anterior, enquanto cerca de um terço (35,3%) admite diminuir os preços e apenas 7,9% pondera aumentar os preços durante estes meses.
Na Área Metropolitana de Lisboa e no Algarve predominam os estabelecimentos que admitem vir a reduzir os preços (58,4% e 55,8% dos estabelecimentos, respetivamente).
Na hotelaria, em 44,6% dos estabelecimentos os preços deverão manter-se, enquanto em 44,9% se deverá registar uma diminuição, sendo que nos estabelecimentos de alojamento local e no turismo no espaço rural e de habitação a maioria dos estabelecimentos não prevê alterações de preços (52,5% e 73,2%, pela mesma ordem).
Na sequência da aplicação de medidas necessárias de distanciamento social, higiene e limpeza dos estabelecimentos, 48,8% referiram que a capacidade oferecida iria ser reduzida.
Na hotelaria, 57,4% dos estabelecimentos admitiram que estas medidas implicaram a redução da capacidade oferecida, enquanto no alojamento local e no turismo no espaço rural e de habitação esta proporção foi de 46,7% e 44,5%, respetivamente.
Quando questionados sobre as principais medidas adotadas, o aumento do intervalo de tempo entre o 'check-out' e o 'check-in' dos hóspedes, que impossibilite o 'check-in' no mesmo dia, foi a medida mais referida, indicada por 56,0% dos estabelecimentos, seguindo-se a redução do número de quartos (49,1%).