António Félix da Costa: Piloto de Cascais vive um dos melhores momentos da sua carreira

10-08-2020

O piloto português António Félix da Costa (DS Techeetah), que hoje se sagrou campeão mundial de Fórmula E, lembrou que Portugal é um país "pequeno, mas cheio de talento" e "não só no futebol". Num vídeo divulgado pela assessoria de imprensa do piloto de Cascais, logo após a conquista do título da competição para carros elétricos, Félix da Costa não escondia o contentamento.

"'Yes'. É nosso! É nosso! Não tenho palavras. Depois de tantos dias maus, trazer este título para Portugal é incrível. Obrigado aos que nunca deixaram de acreditar. Obrigado pelos votos no 'fanboost'", começou por dizer.

Félix da Costa destacou ainda os feitos dos portugueses que competem em várias modalidades desportivas no estrangeiro.

"Somos um país pequeno, mas cheio de talento. Não só no futebol, com o nosso Cristiano [Ronaldo], mas em muitos desportos. Andamos além-fronteiras a representar grandes marcas", disse, antes de dedicar o título hoje conquistado, o primeiro da carreira, ao país de origem: "Obrigado, é para Portugal", finalizou.

António Félix da Costa sagrou-se campeão mundial de Fórmula E, depois de ter sido segundo classificado na oitava prova da temporada, em Berlim.

Partindo do segundo lugar da grelha, o português chegou a liderar durante várias voltas, mas acabou por ser ultrapassado pelo companheiro de equipa, o francês Jean-Éric Vergne, que venceu a corrida. O segundo lugar foi suficiente para o piloto de Cascais festejar o título de pilotos, quando faltam duas corridas para o final do campeonato, com a DS Techeetah a festejar também o triunfo no campeonato de equipas.

O piloto português António Félix da Costa sagrou-se campeão mundial de Fórmula E, cumprindo o desígnio que muitos auguravam ao "formiga", a quem só faltou conseguir um lugar na Fórmula 1.

Essa parece ter sido, durante algum tempo, uma sombra negra que pairou sobre António Félix da Costa, o mais talentoso dos pilotos lusos em atividade e o último a estar prestes a garantir um lugar na categoria rainha do desporto automóvel.

Superada a desilusão de se ver preterido, em 2013, pelo russo Daniil Kvyat, na corrida por um lugar na Red Bull, Félix da Costa mostrou esta época todo o talento que se lhe reconhece há pelo menos 20 anos. Foi, precisamente, nessa altura, aos nove anos, que deu os primeiros passos na competição inspirado pelo irmão mais velho, Duarte, indiferentes ao peso do nome, da família Espírito Santo.

Em 2002, o primeiro troféu. Até 2007, participou em algumas das mais importantes provas europeias da modalidade. Dono de um forte sentido de responsabilidade e com um talento inato, em 2008 dá o salto para a World Series by Renault, competindo neste troféu de monolugares.

Os desempenhos valeram-lhe o convite para testar um Force India de Fórmula 1, em 2010, tornando-se, aos 19 anos, o mais novo português de sempre a conduzir um destes monolugares. Em 2012, foi contratado para o programa de jovens pilotos da Red Bull, num ano que terminou da melhor forma, com a vitória no Grande Prémio de Macau de Fórmula 3.

A desilusão de 2013 levou-o para o Campeonato Alemão de Carros de Turismo (DTM), ao mesmo tempo que era piloto de reserva na Fórmula 1. O arranque do campeonato de carros elétricos, a Fórmula E, levou-a a regressar aos monolugares. Conseguiu uma vitória logo no ano de estreia, mas só viria a repetir o feito na época passada, quando estava na BMW, tendo ainda lutou pelo título no início do campeonato.

Mas a confirmação chegaria, finalmente, ao sexto ano, interrompido durante cinco meses devido à pandemia de covid-19.

Nessa altura, com quatro provas disputadas, o piloto luso contava já com uma vitória, em Marraquexe, antes de ter dado cartas no traçado do aeroporto de Tempelhof, em Berlim, onde venceu duas das corridas.

Um triunfo que vem confirmar o talento do 'formiga', como é conhecido entre os amigos desde os tempos dos karts, devido à baixa estatura que evidenciava na altura, no ano em que o campeonato teve mais construtores (12) e pilotos (24), alguns dos quais com passado na Fórmula 1, como Felipe Massa, Sebastien Buemi ou Jean-Éric Vergne. Nesta categoria, o piloto português soma já cinco triunfos, em 63 corridas, festejando hoje o primeiro título e o ponto mais alto da carreira.