Autarquias querem aproveitar Jornada Mundial da Juventude para melhorar território

02-08-2022

A Câmara de Loures e a Junta de Freguesia do Parque das Nações (Lisboa) querem aproveitar a Jornada Mundial da Juventude para promover os territórios e deixar um legado para as próximas gerações. Entre comerciantes há também algumas expectativas elevadas.

A edição de 2023 do maior evento realizado pela Igreja Católica, que contará com a presença do Papa, vai decorrer entre 01 e 06 de agosto e terá as principais iniciativas na zona do Parque Tejo-Trancão, numa extensão de cerca de 100 hectares que abrange parte dos concelhos de Lisboa (Parque das Nações) e de Loures (Sacavém e Bobadela).

As obras para receber o evento, que poderá juntar mais de um milhão de pessoas, começaram no dia 01 de junho, encontrando-se o local convertido num estaleiro, com vários trabalhos a decorrer em simultâneo na margem norte e sul da foz do rio Trancão, que desagua no Tejo.

"Vai ser um evento único. Uma dimensão que ainda ninguém está a ver. Esperamos que seja um evento que possa dinamizar o nosso próprio concelho", considerou o presidente da Câmara de Loures, em declarações à Lusa.

Ricardo Leão (PS) espera poder aproveitar para mostrar o município de várias formas: "A Câmara de Loures está preocupada em potencializar aquilo que é o valor patrimonial e histórico do concelho. Queremos potencializar os nossos produtos, como o vinho de Bucelas, o queijo de Lousa ou os móveis Olaio", exemplificou.

Já num horizonte de futuro, o autarca vê na requalificação urbanística que vai ser feita uma oportunidade para permitir que as pessoas possam "usufruir da única frente ribeirinha digna desse nome no concelho", uma vez que também está prevista a retirada, para já, de parte dos contentores existentes no Complexo Logístico da Bobadela.

"Só mesmo com a vinda do Papa e com um evento desta dimensão é que se podia retirar aqueles contentores que, durante décadas, impossibilitaram as pessoas de fazer usufruto da zona ribeirinha", apontou.

Relativamente ao investimento na preparação do evento e na requalificação do lado de Loures, o socialista disse que "ainda não está contabilizado", mas que não está preocupado com eventuais ajudas do Governo, até porque "os benefícios para o concelho são muito grandes".

"Nós vamos fazer aquilo que nos compete. Estamos disponíveis para financiar, comparticipar, pois [a Jornada] deixa aqui uma marca importantíssima", argumentou.

Também o presidente da Junta de Freguesia do Parque das Nações se manifestou confiante: "Vemos com bons olhos que saia daqui um parque urbano, com boas infraestruturas desportivas, e que possa existir um espaço que possa receber eventos e que fique para o futuro", apontou Carlos Ardisson.

A Jornada, indicou, vai coincidir com os 25 anos da Expo98 e a expectativa é que se possa fazer o que faltava ao nível da reabilitação deste eixo ribeirinho.

"Temos uma expectativa de ficar na memória de quem nos visita, mas também deixar equipamentos que perdurem", reforçou.

O autarca já pediu à organização que o investimento em higiene urbana não seja provisório e também que se aproveite para realizar intervenções em alguns pavimentos e passadiços de madeira que estão algo degradados.

No comércio local há também quem mantenha a esperança de que a Jornada beneficie o negócio.

"A gente tem uma expectativa boa, pois, segundo dizem, vem muita gente. Como estamos aqui perto, e sendo comércio, acreditamos que seja muito benéfico", disse David Monteiro, proprietário de um café na cidade de Sacavém.

As expectativas, sublinhou, são ainda maiores num contexto em que os comerciantes ainda estão a "recuperar dos prejuízos provocados pela pandemia da covid-19" e, no caso dos de Sacavém, do impacto provocado pelas obras do caneiro.

"Devido às obras tivemos aqui esta zona fechada durante três anos. Não passava aqui ninguém. Por isso esperamos que a Jornada nos venha ajudar muito", apontou.

Uns metros acima, Rui Rodrigues, também proprietário de um café, mostrou-se menos otimista, alegando que Sacavém "tem poucos atrativos" para os visitantes.

"Não temos um prato típico, um hotel, uma residencial. Não temos nada para as pessoas virem. A única coisa que eu acredito que ainda possa fazer atravessar a cidade é o museu a céu aberto de arte urbana que existe na Quinta do Mocho", observou, defendendo que haja um trabalho de promoção neste próximo ano.

Já no Parque das Nações, na designada Via do Oriente, a escassos metros do local onde ficará montado o palco em que o Papa se dirigirá aos jovens, ficam situados três espaços de restauração da responsabilidade de Rui Matos.

Por esse motivo, o entusiasmo é bastante visível quando questionado sobre o que espera: "Temos uma elevada expectativa. Pode ser positivo para o negócio melhorar, assim nos deixem trabalhar", afirmou, admitindo, contudo, que não existe muita informação sobre os moldes do encontro e os condicionamentos.

"Precisamos de saber melhor aquilo que vai acontecer, quais são as regras, os acessos. Já fizemos diligências para tentar saber. No dia-a-dia vamos acompanhando as obras, mas está na altura de se começar a tomar os primeiros passos para que o comércio também se possa posicionar", defendeu.