Cheias na Região de Lisboa: 'Ainda pior que na semana passada'

13-12-2022

A forte chuva que caiu durante a madrugada e manhã no distrito de Lisboa fez "muitos estragos" nos concelhos de Cascais, Odivelas, Loures, Amadora, Sintra, Oeiras e, sobretudo, na própria Capital. 

Uma publicação da Câmara de Cascais na rede social Facebook, das 09:00, dava indicação que "a intensa pluviosidade que ocorreu esta noite e madrugada fez muitos estragos" e que "as equipas do Serviço Municipal de Proteção Civil não têm mãos a medir e estão a atuar em diversos pontos críticos".

A nota apelava ainda para que as pessoas avaliassem "as condições antes de sair de casa, tendo em conta que existem, neste momento [09:00], diversas artérias cortadas".

Cerca das 13:00, uma nova publicação dava conta que o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, se "encontrava a fazer" uma ronda pelo território para l"evantamento dos pontos mais críticos atingidos" pelo mau tempo que assolou hoje o distrito de Lisboa.

De acordo com a mesma publicação, as equipas do Serviço Municipal de Proteção Civil estão no terreno apoiadas pela Autoridade Marítima Nacional e pelos diversos agentes de Proteção Civil para mitigar os efeitos da chuva intensa.

Fonte da autarquia disse à Lusa que no final do dia irá ser feito um balanço do que aconteceu no concelho, remetendo para as informações disponibilizadas na rede social.

Segundo as informações publicadas, o Cascais Christmas Village não irá abrir hoje ao público.

Pelas 10:00, uma outra publicação disponibilizada dava conta que a maré "estava a descer" e que se registava uma "acalmia na pluviosidade", pelo que o caudal que tinha invadido as ruas e estradas estava a começar a descer.

"Os pontos historicamente sujeitos a inundações como é o caso da Baixa de Cascais, em que as construções se encontram abaixo do leito da ribeira estão a merecer a maior atenção, mas há ainda pontos críticos", podia ler-se.

Durante a manhã, o presidente da autarquia reuniu o Conselho Municipal de Segurança para analisar e discutir o trabalho efetuado pelas diferentes forças e serviços de segurança, em áreas como a criminalidade, ordem pública, delinquência juvenil ou violência doméstica, durante o ano que passou.

Na ocasião, Carlos Carreiras, que procedeu à abertura da reunião afirmava que a "situação em Cascais não foi tão grave quando comparada com outros concelhos vizinhos", mas ainda assim referia terem existido "uma série de ocorrências que têm estado a ser resolvidas pelas várias equipas no terreno".

O presidente do município cascalense iniciou a reunião do Conselho Municipal, mas não se manteve até ao final, uma vez que foi necessária a sua presença nos locais do concelho que ainda apresentavam situações mais delicadas, decorrentes da forte precipitação, segundo adiantava a publicação do Facebook.

A chuva intensa e persistente que caiu de madrugada causou hoje centenas de ocorrências, entre alagamentos, inundações, quedas de árvores e cortes de estradas nos distritos de Lisboa, Setúbal e Portalegre, onde há registo de vários desalojados.

Na zona de Lisboa a intempérie causou condicionamentos de trânsito nos acessos à cidade, que levaram as autoridades a apelar às pessoas para permanecerem em casa quando possível e para restringirem ao máximo as deslocações.

Os túneis do Campo Pequeno, Campo Grande, Avenida João XXI e Avenida de Berlim, em Lisboa, encontravam-se hoje, pelas 14:15, encerrados ao trânsito, assim como a Radical de Benfica e vários locais em Alcântara, informou a câmara municipal.

15 túneis e várias estradas encerrados ao trânsito

Carros apanhados em lençóis de água em Lisboa, 13 de dezembro de 2022. TIAGO PETINGA/LUSA

Num comunicado enviado às redações pelas 14:50, a Câmara Municipal de Lisboa fez uma atualização das estradas fechadas na cidade às 14:15, hora em que se encontravam encerradas a Avenida Infante D. Henrique junto ao Túnel Batista Russo, a Avenida de Santo Contestável, a Avenida 24 de Julho e a Avenida da Índia.

A essa mesma hora, também permaneciam fechadas artérias em Alcântara (vários locais), a Estrada de Chelas (desde a rotunda do Santo Contestável até ao largo Marquês de Niza em Xabregas) e a Rua de Cima de Chelas.

Continuavam, às 14:15, encerrados os túneis do Campo Pequeno, Campo Grande (dois), Avenida João XXI e Avenida de Berlim, indicou a Câmara de Lisboa.

Durante a manhã, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), esteve a acompanhar no terreno as situações mais sensíveis, no Centro de Comando da Proteção Civil, em Monsanto.

Carlos Moedas disse que tem havido um "reforço constante" das equipas que estão a responder às ocorrências do mau tempo e sublinhou que há situações que não podem ser evitadas, pelas características da cidade.

Em declarações aos jornalistas em Alcântara, uma das zonas mais afetadas na semana passada e hoje pelas fortes chuvas registadas no distrito de Lisboa, o autarca afirmou que durante a noite houve mais de 300 ocorrências, sem registo de vítimas, apesar dos "muitos danos materiais".

Entre as ocorrências registadas está um deslize de terras na Azinhaga da Torrinha, na freguesia lisboeta de Santa Clara, que está hoje a impedir 10 moradores de sair de casa.

No distrito de Santarém, a chuva fez aumentar os caudais do rio Tejo, levando a Comissão Distrital de Proteção Civil a acionar o Plano Especial de Emergência para Cheias na Bacia do Tejo, dado o risco "muito significativo" de galgamento das margens do rio. Nesta bacia hidrográfica e na do Douro foi ativado o alerta amarelo.

Em Campo Maior, no distrito de Portalegre, a zona baixa da vila ficou alagada e várias casas foram inundadas, algumas com água até ao teto, segundo a Câmara Municipal, que prevê acionar o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil.