Com maioria das lojas fechadas, Centro Colombo em Lisboa espera novos descobrimentos
Quase paralisado, com a maioria das lojas encerradas e sem o corrupio de pessoas nos corredores, o Centro Colombo, em Lisboa, tem apostado na proteção e higienização do espaço contra a pandemia de covid-19, na expectativa de "novos descobrimentos".
"O Centro Colombo tem 320 lojas. Atualmente, ao dia de hoje, estão em funcionamento 35 lojas, o que corresponde a aproximadamente 1/3 da área de lojas do centro", avançou à Lusa Paulo Gomes, diretor deste espaço comercial, um dos maiores de Lisboa e do país, assegurando que os estabelecimentos que se mantêm abertos integram a lista de espaços comerciais autorizados pelo Governo, no âmbito do estado de emergência devido à pandemia de covid-19.
Com o mapa-múndi a seus pés, na avenida dos Descobrimentos, que hoje à tarde se encontra quase deserta, o diretor do Centro Colombo disse que a principal preocupação, neste momento, "é garantir condições de higiene", para proteger os visitantes, os colaboradores das lojas e os fornecedores de serviços, considerando que se está a fazer um trabalho "muito disciplinado", em articulação com as autoridades de saúde.
Além das medidas de higiene, o centro comercial está a controlar a entrada das pessoas e a interditar o acesso às áreas de descanso e às mesas da zona da restauração.
"A primeira medida que tomámos foi dar a liberdade aos lojistas de adequarem o seu horário, com limites mínimos, de forma a que os próprios visitantes do centro pudessem saber a que horas é que o centro tinha a sua oferta completa", apontou Paulo Gomes, ressalvando que o grupo Sonae Sierra, responsável pela administração do espaço, esteve "sempre presente" a acompanhar a evolução dos acontecimentos relacionados com o novo coronavírus.
Sobre os vídeos em que se vê lojistas a pedir para ir para casa, o diretor do Centro Colombo considerou que "foram situações muito pontuais, devidamente contextualizadas, em que havia muitas emoções".
"As pessoas têm todo o direito a manifestar-se e nós compreendemos quais eram as suas motivações, mas a posição do centro foi perceber os seus lojistas, as suas dificuldades e flexibilizar o horário, assim que entendemos que era necessário fazê-lo, para eles, por sua vez, poderem acomodar as limitações que começaram a ter", frisou.
Sobre os impactos económicos, Paulo Gomes defendeu que "é evidentemente uma questão muito complexa, cuja dimensão se desconhece".
"Mas não é essa a nossa preocupação agora, oportunamente iremos estudar esse assunto, em conjunto com os nossos lojistas, e com a certeza que vamos adotar soluções a contente de todos", expôs o diretor do Centro Colombo.
Dando voz aos funcionários deste centro comercial, a presidente do CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, Filipa Costa, disse à Lusa que existe "receio e medo de estar a fazer atendimento aos clientes", pessoas que querem ir para casa, assim como a falta de informação sobre o encerramento das lojas e o futuro dos trabalhadores.
"Temos casos de empresas que encerraram e não deram qualquer tipo de informação sobre a situação dos trabalhadores [?] e empresas que encerraram e que estão a impor férias aos trabalhadores e que colocam sempre a incerteza relativamente ao final do mês", relatou a sindicalista, referindo que os trabalhadores estão "numa grande pressão e num sentimento de ansiedade por não saberem o seu futuro".
Relativamente às lojas, a dúvida é quando é que voltam a abrir e se os funcionários "vão receber 100% da sua remuneração, porque grande parte destes trabalhadores do setor do comércio recebe em comissões e prémios".
Além disso, há registo de trabalhadores que estavam em período experimental que foram despedidos e empresas a anunciar que os contratos a prazo não vão ser renovados, revelou a presidente do sindicato CESP.
"A questão do encerramento da loja é algo que se deve clarificar perante os trabalhadores", apelou Filipa Costa, acrescentando que as lojas que se mantêm a funcionar devem "garantir os equipamentos de proteção individual aos trabalhadores".