Combustível a metade do preço? Tirámos a prova com os novos Dacia Duster e Sandero ECO-G

27-11-2020

À fiabilidade e versatilidade já reconhecidas, a Dacia junta o argumento da poupança aos seus modelos. Para além de um preço muito acessível, as versões bi-fuel do Duster e do Sandero Stepway permitem enormes ganhos para a carteira na hora de abastecer. Em média, fazem mais de 100 km com apenas 5€ de GPL.

Apesar de devidamente comprovada e certificada em todos os aspectos, a tecnologia GPL ainda está sujeita a alguns tabus por parte dos consumidores portugueses. Não sendo aposta comercial por parte dos principais construtores automóveis, a tecnologia bi-fuel, que dota os veículos com dois sistemas e depósitos de combustível (gasolina e GPL), permitindo optar pelo mais vantajoso a cada momento, é no entanto das mais acessíveis ao nosso bolso.

O preço de um carro GPL é muito semelhante ao da versão convencional a gasolina e substancialmente mais baixo que a opção diesel equivalente. Depois, o preço do combustível propriamente dito é 50 por cento inferior ao do gasóleo e cerca de 60% face à gasolina. Basta dizer, que o preço médio de um litro de GPL ronda os 0,63€, enquanto o diesel é vendido na casa dos 1,30€.

É neste contexto que a Dacia, marca low-cost do Grupo Renault, mantém desde 2013 a sua aposta em versões bi-fuel, sendo responsável por 56% das vendas de veículos deste tipo em Portugal (dados de 2019).

Toda a gama Dacia, à excepção do Dokker, está disponível com opções GPL assentes na nova motorização TCe 100 ECO-G, também disponível nas versões idênticas dos Renault Captur e Clio. Aqui, só o Dacia Lodgy continua a recorrer ao motor 1.6 de 110 cv.

Assim, sendo, os renovados Duster, Sandero e Sandero Stepway, com assinalável êxito de vendas no nosso país, têm agora um argumento acrescido de vendas, a juntar a tantos outros já por aqui referidos.

Saímos então para a estrada com os dois modelos e o balanço não podia ser mais positivo. Porque para quem opta pelo GPL , ainda para mais numa marca low-cost, o principal objectivo é a economia, tanto o Duster como o Sandero (que testámos na versão Stepway) são garante de enorme poupança na hora de abastecer.

Com consumos anunciados na casa dos 7,5 l/100 km, o Sandero Stepway permitiu fazer a viagem Lisboa-Estremoz-Lisboa com apenas 15€ de combustível, cerca de 4,5€ de GPL por cada 100 km. Resultado francamente bom, sendo que a mesma média foi alcançada na deslocação de casa para a redação, em circuito urbano, garantindo poupança de cerca de 2€ no mesmo percurso, habitualmente feito com carro a gasóleo.

Com o Duster, a média anunciada de consumo GPL ronda os 8l/100 km, mas fizemos percursos idênticos com uma média de 5€ de combustível por cada 100 km, o que é francamente bom, diríamos inigualável, para um SUV com estas características.

De resto, a nossa escolha vai obviamente para o Duster, não só pelo excelente desempenho do novo motor turbo de três cilindros, 999 cm3, 100 cv, binário de 170 Nm às 1700 rpm, associado a caixa manual de cinco velocidades, que também se verifica no Sandero, mas sobretudo pela versatilidade, pelo conforto, espaço a bordo e pelas aptidões TT que apresenta.

Na estrada, na cidade ou no campo, o Duster é mesmo aquele carro tipo "pau para toda a obra". E se há alguns anos atrás, as características low-cost eram por demais evidentes, a evolução assumida pela marca de origem romena coloca-a num patamar muito satisfatório de qualidade, sendo que a fiabilidade e durabilidade dos seus modelos mantêm-se como sempre.

Na geração actual, o Duster apresenta-se bem equipado em termos de tecnologia, de sistemas de segurança e apoio à condução, e até a qualidade dos materiais interiores é muito aceitável, tendo em conta o preço final deste modelo: a partir de 15.450€ (18.000€ na versão ensaiada).

A versão testada do Sandero Stepway dispunha de câmara de marcha-atrás, apoio de braço dianteiro e ar condicionado automático de série, para além de sistema multimédia com navegação e acesso ao Android auto. No caso do Duster, para além do ar condicionado automático e do sistema multimédia, de destacar também a Câmara Multi-View, que permite visão 360º na hora de estacionar ou de ultrapassar obstáculos e o cartão mãos-livres para abertura e fecho das portas, bem como para a ignição.

Mesmo na versão 4x2, o Duster enfrenta estradões e caminhos de terra com a maior facilidade e o pequeno motor TCe 100 ECO-G mostra-se competente em todo o tipo de terreno, permitindo acelerações fortes e recuperações rápidas.

Já para uma utilização menos radical, ainda assim, com possibilidade de lhe juntar alguma aventura fora de estrada, dada a elevada altura ao solo, o Sandero Stepway é igualmente versátil, menos confortável em termos de condução, mas com um preço canhão de 14.220€.

Diga-se que a alternância entre os dois tipos de combustível (GPL e gasolina) é muito simples e intuitiva, podendo ocorrer de forma manual, através de um comutador instalado no habitáculo, ou automática, quando o sistema deteta que um dos depósitos fica vazio.

Para controlar o nível de GPL, todos os Dacia estão equipados com um indicador específico.

O depósito de GPL é construído em aço de alta resistência e colocado no local destinado à roda de reserva (não roubando espaço à mala), devidamente afastado do depósito de gasolina. Todo o sistema é protegido por válvulas que evitam o retorno do combustível, nomeadamente um limitador de fluxo, uma válvula solenoide e uma outra válvula de segurança.

Paulo Parracho

Como funciona o sistema GPL

Poupança de 50% face a carros a gasolina e de 30% no gasóleo

O GPL é uma mistura de propano e butano (que respeita uma norma europeia: EN589). A sua combustão emite menos monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de azoto do que um motor a gasolina. Além disso, o GPL apresenta ainda outra grande vantagem: emite, em média, menos 10% de CO2 que uma motorização a gasolina equivalente.

Na Europa e na maior parte do mundo, o sistema de injeção de GPL é uma tecnologia que se associa aos motores a gasolina. A sua utilização requere um reservatório específico, capaz de resistir à pressão necessária para manter o GPL no estado líquido, e uma ligeira modificação do circuito de alimentação do motor.