Entre os 50 e 59 anos, uma em cada duas mulheres portuguesas tem baixa autoestima

09-03-2023

Dove realizou estudo pioneiro sobre o impacto do envelhecimento na autoestima das mulheres portuguesas com mais de 40 anos. Embora duas em cada três mulheres apresente uma autoestima positiva nesta faixa etária, há claramente uma quebra da confiança a partir dos 50 anos, que coincide com uma fase de grande transformação da mulher: a menopausa.

"Para Dove, a beleza não tem rótulos nem padrões. E se não tem tamanhos, também não escolhe idades. Sentimos que a sociedade atual ainda pressiona muito a mulher à medida que esta envelhece, como se houvesse roupas que já não deve vestir, experiências que não pode ter ou profissões onde não é bem vista", começa por explicar Marta Quelhas, Responsável de Dove Portugal. E acrescenta: "De facto, 53% das inquiridas entre os 50 e 59 anos sente-se esquecida ou fora de prazo, deparando-se com situações de competitividade com mulheres mais jovens, quer ao nível das relações profissionais quer sociais e de amizade, numa luta constante para parecer mais jovem".

Em concreto, a faixa etária dos cinquenta é aquela que o estudo de Dove identifica como a mais fragilizada dos 40 aos 70+ anos. Se 66% do total das inquiridas apresenta uma autoestima positiva, esta percentagem baixa para os 50% nas mulheres entre os 50 e 59 anos. E mais: 84% das mulheres nesta idade não se sente apreciada ou valorizada, enquanto 69% alega que não tem motivos para se orgulhar dela própria. É também na meia idade que a mulher ouve mais críticas depreciativas: uma em cada três é alvo de discriminação, sobretudo de amigos ou conhecidos (53% dos casos), relacionada com o seu desempenho e funções (46%), com o seu corpo (36%), e cabelos brancos ou falta de cabelo (28%).

A psicóloga Filipa Jardim da Silva aponta: "o medo de adoecer, de perder valor enquanto pessoa e profissional, de perder autonomia, de deixar de ser atraente ou de ficar sozinha, são os principais receios associados ao avançar da idade, que quando não reconhecidos e regulados, podem originar perturbações de ansiedade e de humor deprimido".

Outra das principais conclusões do estudo "Autoestima e o Envelhecimento Feminino" é que a menopausa impacta negativamente a confiança da mulher. Prova disso é que embora só 38% das inquiridas se refira à idade como uma preocupação, esta percentagem sobe para 47% no caso das mulheres que estão a passar pela menopausa.

Perante estas conclusões, a psicóloga Filipa Jardim da Silva comenta: "Algumas das alterações físicas e hormonais inerentes à menopausa podem afetar como as mulheres se sentem em relação a si mesmas. Devemos lembrar-nos que esta é a fase que encerra o ciclo fértil feminino, acabando por marcar a passagem do tempo de uma forma muito concreta, o que muitas vezes abala psicologicamente a mulher. A menopausa coincide também com outras mudanças significativas na vida da mulher, como a saída dos filhos de casa ou perda de familiares".

Além disso, 67% das mulheres considera que existem poucos recursos de apoio para lidar com a menopausa e 54% sente que este é ainda um tema tabu para a sociedade. De facto, "a sociedade em geral ainda compreende pouco as várias etapas da vida da mulher, incluindo a menopausa. Isso traduz-se na falta de um acompanhamento pluridisciplinar adequado em saúde, na escassez de planos de prevenção, ou na forma rígida e pouca empática com que as pessoas e até mesmo algumas empresas tratam as mulheres à medida que envelhecem", reforça a especialista.

A BELEZA NÃO TEM LIMITE DE IDADE

O mais recente estudo de Dove é uma das iniciativas da campanha "De body aging a Body Love", que tem como objetivo inspirar as mulheres a terem mais "good body days" durante o processo de envelhecimento. "Queremos mostrar que, apesar de todos os desafios, envelhecer é também uma oportunidade para a mulher dedicar mais tempo a si própria, para se cuidar até nas pequenas coisas, pois sabemos que é a partir de certa idade que muitas mulheres deixam de sentir a pressão de agradar a todos para naturalmente se aceitarem e admirarem como são", evidencia Marta Quelhas.

Para falar "sem tabus" sobre o envelhecimento e a autoestima feminina, Dove participará na 1ª edição do Women Aging Summit com uma talk inspiradora que contará com o testemunho da vocalista Ana Bacalhau (44 anos) e da atriz Carla Andrino (56 anos). A conversa mediada pela psicóloga Filipa Jardim da Silva tem início às 17h30 do dia 11 de março, sendo que o evento se prolonga de 10 a 12, no Museu da Eletricidade.

OS PRINCIPAIS RESULTADOS DO ESTUDO:

As mulheres acima dos 40 anos têm em geral uma autoestima positiva:

  • 66% das mulheres acima dos 40 anos apresenta uma autoestima positiva;
  • Só 38% das mulheres refere que a idade é uma preocupação e 55% afirmam que a sua autoestima atual é melhor do que 10 anos antes;
  • As mulheres com mais de 70 anos são as que apresentam o valor de autoestima mais elevado de todos os grupos etários, correspondendo a 81%.

Mas a faixa etária dos 50 aos 59 anos surge como a mais fragilizada:

  • 84% das mulheres entre os 50-59 anos não se sente apreciada ou valorizada, enquanto 69% alega que não tem motivos para se orgulhar dela própria;
  • Nesta faixa etária, apenas 50% das mulheres refere ter uma autoestima positiva e só 54% dizem estar satisfeitas com a vida e com a felicidade em geral;
  • Só 34% das mulheres nesta faixa etária afirma que está próxima da aparência que quer ter e apenas 38% diz gostar de partes do seu corpo que considera únicas ou diferentes;
  • 74% das mulheres entre os 50-59 anos já deixou de tirar fotografias por se sentir insegura em relação à sua idade/aparência e 29% já sentiu que a sua idade era um impedimento para iniciar uma nova carreira ou negócio;
  • Esta faixa etária mais fragilizada depara-se com situações de competitividade com mulheres mais jovens, quer ao nível das relações profissionais quer sociais e de amizade, numa luta constante para parecer mais jovem. De tal forma, que 53% das mulheres nesta idade refere já se ter sentido esquecida ou fora de prazo;
  • Ao mesmo tempo, 33% das mulheres entre 50-59 anos já sentiu discriminação e críticas depreciativas face à sua idade. As críticas e comentários depreciativos surgem acima de tudo, de amigos ou conhecidos (53% dos casos), e relacionam-se com o seu desempenho e funções (46%), com o seu corpo (36%), e cabelos brancos ou falta de cabelo (28%).

Além disso, a menopausa altera a autoestima e confiança das mulheres:

  • 54% das mulheres que vivem a menopausa consideram que a sua autoestima está pior que há 10 anos, em comparação a 47% na pré-menopausa e 37% no pós-menopausa;
  • 67% das mulheres sentem que existem poucos recursos de apoio para lidar com a menopausa; e 54% dizem que sentem que este é um tema tabu para a sociedade;
  • De facto, embora só 38% das mulheres refira que a idade é uma preocupação, este número sobe para 47% no caso das mulheres que estão a passar pela menopausa;
  • Principalmente entre as mulheres com 50 a 59 anos, a menopausa tem forte impacto na sua esfera emocional (61%) e na sua confiança (55%), o que impacta diretamente a autoestima destas mulheres: 40% apresenta uma baixa autoestima;
  • 41% das mulheres entre os 50 e 59 anos com a menopausa já passou por episódio embaraçoso em público devido a esta condição.

Cuidar da saúde é uma prioridade das mulheres para envelhecer melhor:

  • A maioria das mulheres (56%) refere que cuidar da saúde passou a ser essencial para lidar de forma mais positiva com o seu envelhecimento;
  • Além de cuidarem mais da sua saúde, as mulheres com mais de 40 anos também referem a utilização de cosméticos adequados (29%), a toma de suplementos alimentares (28%), a ida ao cabeleireiro (24%) e a prática de exercício físico (22%) como soluções que as ajudam a envelhecer melhor;
  • São as mulheres mais velhas e com filhos fora de casa, que apresentam maior disponibilidade – de tempo e financeira – para frequentar o ginásio, fazer yoga, pilates (entre outras atividades semelhantes), e sentem que isso tem impacto positivo na sua esfera psicológica.

[1] Pesquisa conduzida em Portugal pela Memória de Base, empresa especialista em estudos de mercado, em janeiro de 2023, com 400 mulheres (>40 anos).