Estudo afasta ligação entre comboios e novos casos na região de Lisboa

08-07-2020

Um estudo apresentado hoje no Infarmed parece afastar uma ligação determinante entre o transporte ferroviário e os novos casos de covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, afirmou hoje o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no final da décima reunião entre especialistas e políticos sobre a evolução da covid-19 em Portugal, no Infarmed, em Lisboa.

"Foi apresentado um estudo que parece demonstrar que não há ligação entre o transporte ferroviário, isto é, por comboio, as linhas no quadro desta região, e o surto pandémico. É um dado novo que não era conhecido, mas que foi estudado de forma quantificada", afirmou.

O chefe de Estado referiu que "a região de Lisboa e Vale do Tejo mereceu uma atenção particular" nesta sessão e, no retrato dessa situação, foi assinalado "o peso que veio a ganhar ao longo das últimas semanas" a população que tem entre 20 e 30 anos.

Segundo Presidente da República, os especialistas consideram "que a coabitação é o fator mais importante em termos de explicação causal dos surtos surgidos, logo seguida da convivência social, que tem vindo a ganhar importância".

No que respeita ao transporte ferroviário, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que o estudo apresentado mostra que "linhas que à partida se consideraria de risco maior" para a propagação da doença representam afinal um risco "escassíssimo" e não constituem "um fator causal determinante ou decisivo".

Deputado do PSD mais céptico quanto à situação em Lisboa e Sintra

O PSD advertiu hoje que, se falhar o combate à covid-19 na região de Lisboa, todo o país sofrerá também consequências negativas, e recomendou prudência perante a "aparente" estabilização do número de novos casos de infeção.

Esta análise foi transmitida aos jornalistas pelo vice-presidente da bancada do PSD Ricardo Batista Leite no final da décima e última série de reuniões com epidemiologistas no Infarmed, em Lisboa, com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do primeiro-ministro, António Costa, representantes dos partidos e dos parceiros sociais.

Ricardo Batista Leite começou por referir que o presidente do PSD, Rui Rio, participou na reunião por videoconferência e falou a seguir nas dificuldades que se estão a colocar ao setor do turismo, em particular no Algarve.

"Se falharmos na resposta de Lisboa, estaremos a falhar ao país. Quando olhamos para o número de surtos fora da região de Lisboa, percebemos que neste momento são 48, quando há duas semanas eram apenas 12", advertiu.

Neste contexto, o deputado do PSD apontou que se regista um aumento do número de internamentos e da mortalidade.

"O que vimos de mais positivo da reunião foi uma aparente estabilização dos números na região de Lisboa - uma estabilização que os especialistas alertam que apenas ocorreu nos últimos dias, razão pela qual se impõe prudência. Onde não se verifica uma inversão é, de facto, no concelho de Sintra, onde há uma estabilização em vez de uma descida", destacou.

No caso do concelho de Lisboa, Ricardo Batista Leite falou "num aumento do número de casos" da covid-19, "apesar da tendência aparente de decréscimo depois de declarado o estado de calamidade em Loures, Odivelas e Amadora".

"Também de verifica um aumento da procura de consultas de cuidados de saúde primários por causa da covid-19. Portanto, estamos perante um conjunto de indicadores que nos dizem que temos de estar muito atentos e com uma ação muito dirigida", defendeu.

O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD considerou depois positivos os elementos relativamente à identificação das pessoas infetadas e suspeitas.

"Atualmente, todos os inquéritos epidemiológicos são feitos em 24 horas. Isso é determinante para que se consiga controlar a epidemia, garantir que as pessoas infetadas e as que estiveram em contacto com elas sejam isoladas. Deram-nos garantias de que o isolamento está a ser feito, embora haja relatos de quem nem sempre isso está a funcionar de forma adequada", acrescentou.