Fabricantes atrasam lançamento de carros menos poluentes mas vão cumprir metas de CO2

10-04-2018

Os fabricantes automóveis estão a atrasar o lançamento de veículos menos poluentes e a atualização dos atuais modelos para garantir lucros, mas prejudicam consumidores e clima, apesar de cumprirem metas de redução de emissões, conclui um estudo hoje divulgado.

O trabalho da Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E), divulgado em Portugal pelas associações ambientalistas Quercus e Zero, que pertencem à organização, refere que, na Europa, as empresas que fabricam automóveis estão a travar as vendas de veículos elétricos e as atualizações para tornar mais eficientes e mais limpos os atuais modelos.

Na análise sobre as emissões de dióxido de carbono (CO2) da frota de novos veículos ligeiros, tanto de passageiros como comerciais, em 2017, o estudo conclui que, ao travar as vendas de veículos com menos emissões para assegurar ganhos, os fabricantes estão a prejudicar o clima e os consumidores.

De acordo com o documento, na Europa, no ano passado, apenas seis dos 50 modelos mais vendidos de ligeiros foram atualizados, mas 21 serão relançados como modelos mais eficientes e com menos emissões de CO2 até 2020.

O número de modelos elétricos deverá subir cinco vezes, para um total de 100, em 2021, aumentando a autonomia, a escolha e a concorrência entre as marcas e a maioria dos fabricantes europeus, exceto a Fiat, devem cumprir as metas de redução das emissões de gases com efeito de estufa naquele ano em toda a frota, em parte devido à venda de mais carros elétricos e híbridos 'plug-in', aponta o trabalho.

Os resultados da análise da T&E referem ainda que o aumento das vendas de utilitários desportivos (SUVs) e da potência dos motores estão a resultar no acréscimo de emissões.

Para os ambientalistas, o estudo evidencia que os fabricantes de automóveis "persistem no falso argumento" de que não conseguem cumprir as suas metas de emissões de dióxido de carbono, argumentando com a quebra nas vendas de carros a gasóleo, enquanto apostam em modelos SUVs, potentes e ineficientes, "para maximizar os lucros".

As organizações ambientalistas lamentam esta estratégia da indústria automóvel para tentar demover os reguladores de avançar com novas metas mais ambiciosas para 2025 e 2030 e alertam os decisores políticos para que "não se deixem enganar".

A Quercus exige a definição de limites mais restritos de emissão de dióxido de carbono para 2025, metas para a venda de veículos elétricos e garantias de que as reduções de emissões acontecem na estrada e "não apenas nos laboratórios dos fabricantes".

Também a Zero salienta que o resultado deste procedimento dos fabricantes automóveis é o aumento das emissões e faturas de combustíveis mais caras.

Os veículos ligeiros de passageiros e comerciais emitem dois terços do CO2 nos transportes, o setor que mais emite deste gás com efeito de estufa na UE, representando 27% do total de emissões.