Fibrilhação Auricular: deteção precoce e controlo são fundamentais
Assinalamos, esta semana o Dia Mundial do Ritmo Cardíaco. A Fibrilhação Auricular (FA) é a arritmia cardíaca mais comum em todo o mundo que condiciona de forma independente um aumento da mortalidade e comorbilidades, tais como a insuficiência cardíaca e ou acidente vascular cerebral, condicionando hospitalizações frequentes e redução da qualidade de vida.

Tendencialmente silenciosa, apesar de muito prevalente a FA na maioria dos casos só se diagnostica tarde demais, por vezes no contexto de Acidente Vascular Cerebral. Sendo responsável por cerca de 20 a 30 % dos acidentes vasculares cerebrais isquémicos (AVCs).
Devemos, por isso, estar em alerta que, a partir de determinada idade, podemos sofrer desta arritmia, e de que a sua deteção precoce é fundamental para que a controlemos. Sobretudo quando sabemos que um em cada dez portugueses com mais de 65 anos desenvolve esta arritmia e que a partir dos 40 anos de idade a prevalência da Fibrilhação Auricular na população portuguesa ronda os 2,5 %.
A sintomatologia como o batimento descoordenado do coração, pulsação rápida e irregular(palpitações), tonturas, sensação de desmaio ou mesmo perda do conhecimento, dificuldade em respirar, cansaço (intolerância ao esforço), confusão ou sensação de aperto no peito, podem fazer suspeitar a presença de Fibrilhação Auricular.
O diagnóstico precoce é fundamental para um bom controlo desta arritmia e para evitar possíveis complicações como o AVC. Enquanto profissionais de saúde, aconselhamos a que, a partir dos 65 anos, para além de controlar parâmetros como o peso, a tensão arterial ou o colesterol, fazer uma alimentação equilibrada, praticar exercício físico e evitar o tabaco, se avalie também o ritmo cardíaco e as pulsações de forma regular, através da auto-avaliação do pulso.
Os objectivos da terapêutica são prevenir o AVC, controlar a frequência cardíaca, restaurar e manter o ritmo sinusal, melhorar os sintomas, prevenir a insuficiência cardíaca e prolongar a esperança de vida.
O esclarecimento a cada doente dos benefícios expectáveis, no início do tratamento da FA evitará expectativas infundadas e pode otimizar a qualidade de vida. Uma vez diagnosticada Fibrilhação Auricular, o risco de AVC pode ser reduzido significativamente através de terapêutica anticoagulante.
À semelhança do que se passa no resto da Europa, em Portugal, as normas aconselham a maioria dos doentes a tomar um dos Novos Anticoagulantes Orais, os chamados NOACs. Consoante a terapêutica prescrita pelo médico, a medicação poderá ser tomada uma ou duas vezes ao dia. Esta última opção tem a vantagem de aumentar a adesão à terapêutica e tornar a janela terapêutica mais regular, sem picos, logo, com redução do risco de hemorragias nomeadamente, AVC hemorrágico para quem a toma.
Uma vez prescrita, é fundamental que a terapêutica seja respeitada, sem interrupções. Qualquer alteração na toma destes medicamentos ou nas recomendações discutidas em consulta, devem ser validadas pelo médico assistente.
Aposte na prevenção. Fale com o seu médico e proteja-se.
Drª. Patrícia Mora
Coordenadora de Medicina Geral e Familiar do Hospital CUF Sintra