Icónico edifício do Cruzeiro em Cascais inaugurado a 28 de janeiro

23-01-2023

Agora designado Academia de Artes, o icónico Edifício Cruzeiro vai ser apresentado ao público dia 28 de janeiro. A festa de inauguração do novo equipamento vai decorrer das 15h00 às 20h00 com apresentações de música, teatro e outras artes performativas que ali vão encontrar a sua nova casa no concelho de Cascais.

Dia 28 de janeiro as portas vão estar abertas à população para visitar o renovado edifício que se quer impôr como uma nova centralidade cultural para ser usufruída por todos. O Cruzeiro será o ponto de partida da Vila das Artes, que inclui um conjunto de equipamentos municipais no perímetro envolvente, como o Museu da Música Portuguesa, o Auditório Fernando Lopes-Graça, no Parque Palmela, o Conservatório de Música e Dança de Cascais, o Teatro Municipal Mirita Casimiro e o Auditório Sra. da Boa Nova, entre outros.

A inauguração, que conta com a presença de representantes do Estado terá atuações de estudantes do Conservatório de Música e Dança, Escola Profissional de Teatro de Cascais, Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, Fado, Jazz e Samba nos vários espaços da nova Academia de Artes.

Edifício intimamente ligado à história de Cascais

72 anos depois da inauguração daquele que foi o primeiro centro comercial do país, o antigo Edifício Cruzeiro conhece um novo destino: a criação da Academia de Artes do Estoril, um polo cultural dedicado às artes performativas como o teatro, cinema, música e dança.

Mantida a histórica fachada desenhada pelo arquiteto Filipe Nobre de Figueiredo em 1947, o interior foi totalmente remodelado, resultando em diferentes espaços dedicados à área educativa, uma sala de espetáculos com capacidade para 312 pessoas, um palco com 150 m2, três camarins e uma sala de projeção.

A Escola Profissional de Teatro de Cascais vai ter 10 salas para as diversas disciplinas lecionadas, assim como o Conservatório de Música e Dança de Cascais vai ocupar oito salas. Esta será também a casa da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras e da Companhia de Dança Paulo Ribeiro.

O Cruzeiro terá também uma forte ligação ao Teatro Experimental de Cascais (TEC) que vai poder usufruir de espaços tecnicamente adequados e modernos, uma reivindicação mais que merecida para a Companhia de Teatro em atividade mais antiga da Europa.

A biblioteca é outra das novidades já que é totalmente dedicada às artes performativas, a partir da coleção doada por José de Matos Cruz, especializada em cinema.

Um pouco de história...

Nasceu em 1951 aquele que é conhecido como o primeiro centro comercial em Portugal. Desenhado pelo arquiteto Filipe Nobre de Figueiredo e a sua construção terminou em 1947, dois anos após o término da II Guerra Mundial, tornando-se numa das maiores referências da arquitetura de Cascais.

O Cruzeiro foi visitado por muitos, incluindo monarcas europeus e gente endinheirada que ficou por Portugal no período pós-guerra. Um local com uma vida própria e muito animada.

Ao longo dos anos, o espaço que maravilhou pela traça mais moderna e que chegou a dispor 40 estabelecimentos, um rinque de patinagem, um cinema, dancings, um salão de fado e outro de jogos, foi-se degradando, chegando a um estado de autêntica inutilização. Com os espaços comerciais quase todos fechados, o velho edifício não passava de um repositório de boas memórias deixadas à população cascalense.

Devoluto durante vários anos, o edifício Cruzeiro esteve para ser demolido. Chegou a ter um projeto habitacional previsto pelo banco BPI, proprietário do imóvel.

Moribundo e degradado, o Cruzeiro resistiu sempre.

Foi adquirido pela Câmara Municipal de Cascais em novembro de 2016 ao Fundo de Pensões do BPI pelo valor simbólico de 100.000 euros, sendo que a autarquia só obteve luz verde do Tribunal de Contas para a realização de obras de requalificação em 2019.

Foi pelo traço do arquiteto Miguel Arruda que se começou a delinear uma nova vida para o edifício virado ao mar, reconhecido ao longe pela da sua icónica torre que acolhe agora a biblioteca.

Finalmente, vai agora ter um outro fim, muito mais nobre.

Que comece, assim, a vida artística de um dos mais icónicos edifícios do concelho de Cascais.