Lisboa Romana já pode ser visitada e estudada através da Internet

18-01-2021

Resultado de três anos de trabalho, 'www.lisboaromana.ptreúne a mais atualizada informação sobre este período histórico. O 'site' vai proporcionar "uma nova visão e mais aproximada da presença romana neste território" que corresponde mais ao menos à atual Área Metropolitana de Lisboa, explica o arqueólogo António Marques, um dos responsáveis do projeto.

"O 'site', tal como o projeto, visam sobretudo a divulgação e a promoção do conhecimento. Resulta e vive, da investigação que tem sido feita 'em surdina', nas últimas três décadas", assinalou António Marques.

O município romano Felicitas Iulia Olisipo, geograficamente era maior que os atuais limites da Área Metropolitana de Lisboa, abrangendo municípios como os de Mafra e Torres Vedras, mas não incluía, por exemplo, o de Setúbal, que à época também foi capital de um município.

Este projeto, transdisciplinar, foi iniciado em 2017 e, além da Câmara Municipal de Lisboa, que lidera a iniciativa, envolveu 19 municípios, 10 centros de investigação de cinco universidades, a Direção-Geral do Património Cultural e o Núcleo Arqueológico da Fundação Millennium BCP, entre diversas entidades públicas e privadas, como empresas de arqueologia ou unidades hoteleiras.

A presença romana no território lisbonense situa-se entre o século II antes de Cristo e o século V.

O teatro romano, próximo da Sé de Lisboa, as termas portuárias, implantadas sobre o criptopórtico identificado no subsolo da rua da Prata, em Lisboa, são alguns dos vestígios visíveis, assim como o Núcleo Arqueológico da Fundação Millennium BCP, na Rua dos Correeiros. 

Este núcleo mostra "o ADN económico de Lisboa nos tempos romanos, cuja principal atividade era a indústria transformadora de peixe", disse António Marques, que chamou também a atenção para o núcleo existente no Eurostar Museum Hotel, na Rua Cais de Santarém.

Este núcleo "tem uma via [rua], um fontanário, e parece um minúsculo fragmento de Pompeia [sítio arqueológico na região de Campânia, no sul da Itália] em Lisboa", disse o arqueólogo, referindo que, mensalmente é registado um novo vestígio romano neste território.

O 'site', que é "um repositório da informação sobre este período nesta área geográfica, será, certamente, uma referência para a divulgação da investigação" histórica e arqueológica e visa dar "a conhecer ao público um vasto e valioso património existente na Área Metropolitana de Lisboa como fator de desenvolvimento".

A partir do 'site', acede-se a circuitos pré-definidos, podendo cada utilizador delinear o seu próprio percurso.

No 'site' estão georreferenciados "mais de 300 sítios arqueológicos até à data" e inclui vários artigos científicos.

Apresentado como "uma fita do tempo", são conhecidas personagens que viveram na Felicitas Iulia Olissipo e são divulgadas histórias do tempo em que os romanos administravam este território.