Lisboa vai ter ciclovia na Avenida da Índia em 2027

17-09-2025

A criação de uma ciclovia na Avenida da Índia, em Lisboa, deverá ser uma realidade até ao final do primeiro semestre de 2027, de acordo com uma recomendação aprovada hoje pela Assembleia Municipal, em resultado de uma petição pública.

"Recomenda-se à Câmara Municipal de Lisboa que instrua a sua tutelada EMEL [Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa] para que cumpra o objetivo de estar concluída até ao final do primeiro semestre de 2027 a obra do traçado da ciclovia da Avenida da Índia, que ligará a Avenida Fernão Mendes Pinto ao viaduto de Alcântara", deliberaram os deputados municipais, com os votos contra do Chega e os votos a favor dos restantes.

Esta recomendação resulta da apreciação de uma petição, promovida pelo movimento Lisboa Possível, pela criação de uma ciclovia segregada na Avenida da Índia, após a morte de dois ciclistas nesta artéria da freguesia de Belém, que foram atropelados por automobilistas em junho de 2021 e em dezembro de 2024.

No âmbito das audições realizadas sobre esta petição, na Assembleia Municipal de Lisboa, o presidente da EMEL, Carlos Silva, garantiu que "a ciclovia na Avenida da Índia será uma realidade até ao fim do 1.º primeiro semestre do ano de 2027", lê-se no relatório elaborado pelo deputado do PS Luís Coelho.

Nessas audições, o vice-presidente da câmara, Filipe Anacoreta Correia, que tem o pelouro da Mobilidade, informou que "serão implementadas, a curto prazo, na Avenida da Índia oito medidas de acalmia de tráfego e segurança rodoviária", bem como outras intervenções adicionais como almofadas redutoras de velocidade, bandas cromáticas e pictogramas de velocidade e "um canal ciclável bidirecional em traçado segregado ou partilhado com o canal pedonal".

Para a apresentação da petição em plenário, um dos peticionários, Ksenia Ashrafullina, levou um capacete e um colete refletor e questionou os deputados se achavam "ridículo este 'outfit'", tendo acabado por afirmar que ridículo é que se permita a morte de ciclistas na cidade.

Outra das peticionárias, Rita Prates, acrescentou: "Em três anos morreram ali duas pessoas e cada dia que passa é um risco de morte de eventualmente outro ciclista, peão. Pergunto quem vai ser o próximo a morrer ali se nada for feito?"

O presidente da Junta de Freguesia de Belém, Fernando Ribeiro Rosa (PSD), afirmou que "esta ciclovia tem de ser feita com pés e cabeça", indicando que já viu várias versões do projeto, ressalvando que é "completamente contra" a proposta que pretendia retirar uma faixa de rodagem para incluir uma via ciclável no sentido Algés -- Lisboa.

"Somos completamente contra qualquer ciclovia na Avenida da Índia que retire uma faixa de rodagem. Temos de ter pelo menos, necessariamente, duas faixas de rodagem para cada lado", defendeu, considerando que é "uma questão de bom senso" e lembrando que existe uma ciclovia junto à frente ribeirinha.

Acusando os peticionários de andarem a "brincar" às ciclovias, o autarca de Belém acrescentou: "Lamento algumas mortes que existiram [em desastres de bicicleta], mas também já existiram de carros e de outras formas".

Nesta reunião, a assembleia apreciou ainda uma petição sobre segurança rodoviária na Voz do Operário na Graça, tendo decidido, por unanimidade, recomendar à câmara que reforce a iluminação pública, especialmente nas zonas de maior fluxo infantil; proceda à requalificação das passadeiras e avalie a viabilidade de passadeiras elevadas compatíveis com a passagem do elétrico; implemente limite de velocidade de 30 quilómetros por hora na Rua da Voz do Operário; e estude a possibilidade de criação de uma zona 'kiss and ride' para facilitar a entrega segura das crianças.