Loures sobe estimativa de prejuízos para 36 milhões

20-12-2022

A Câmara de Loures estimou hoje os prejuízos do mau tempo no concelho em 36 milhões de euros, anunciando vales de compras para as famílias que perderam mobiliário e apoios até 50 mil euros por empresa afetada.

Durante uma visita a várias lojas e serviços atingidos por inundações na Flamenga, o presidente da Câmara Municipal, Ricardo Leão (PS), indicou à Lusa a nova estimativa, com 30 milhões de euros de prejuízos em infraestruturas públicas e o restante no comércio local.

O balanço anterior da autarquia apontava para prejuízos globais de mais de 20 milhões.

Em declarações aos jornalistas durante a visita, Ricardo Leão explicou os apoios que a autarquia vai entregar às famílias e às empresas, um "balão de oxigénio" enquanto as ajudas "imprescindíveis" do Governo não chegam.

A autarquia, no distrito de Lisboa, vai apoiar as empresas com até 50 mil euros cada, de acordo com os prejuízos apresentados, através do pagamento de 30% dessas perdas.

"A única limitação que estamos a fazer nesta fase é apoiar todas as empresas que tenham um volume de negócio não superior a 500 mil euros", indicou o presidente do município.

Ricardo Leão anunciou também a atribuição de "um vale a cada família para poder comprar no comércio local o recheio das suas casas", independentemente dos rendimentos de cada agregado. O valor poderá ser gasto nos estabelecimentos indicados pela autarquia.

De acordo com a Câmara de Loures, cerca de 150 famílias registaram perdas nas suas casas, sobretudo eletrodomésticos e mobiliário, não se encontrando neste momento ninguém desalojado.

Os apoios serão suportados pelo Fundo de Emergência Municipal, dotado com um milhão de euros e cujo regulamento vai ser aprovado na quarta-feira em reunião camarária.

Na visita, esteve ainda o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, que quis conhecer os "testemunhos reais" e os "impactos concretos" causados pelas cheias no concelho.

"No caso das famílias, estão já a chegar apoios por via da Segurança Social", garantiu Nuno Fazenda, indicando que o executivo nacional está a "desenhar os apoios" que vão ser atribuídos às empresas e que ainda não é possível "apurar com rigor" os danos causados na Grande Lisboa.

O Governo anunciou que vai apoiar os municípios afetados pelo mau tempo deste mês, devendo as autarquias fazer o levantamento dos prejuízos até, no máximo, 15 de janeiro.

No concelho de Loures, a Baixa de Loures, a Flamenga e Frielas foram as zonas mais afetadas pelo mau tempo deste mês, com a chuva forte e o transbordo da ribeira de Odivelas (que continua em Loures) a inundar as zonas envolventes da Estrada Nacional 8.

A Proteção Civil registou mais de 7.950 ocorrências de mau tempo no território continental, inclusive 4.841 inundações, e 88 desalojados desde as 00:00 do dia 07 e até às 08:00 do dia 15.

Lisboa foi um dos distritos mais afetados pelas chuvas fortes e persistentes.

Odivelas regista prejuízos superiores a 6 milhões de euros e disponibiliza apoios municipais

A Câmara de Odivelas regista prejuízos superiores a seis milhões de euros no concelho na sequência do mau tempo, estimou à Lusa o presidente da autarquia, acrescentando que vão existir apoios municipais.

Entre os danos registados por famílias e empresas e ao nível das infraestruturas públicas, o presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Hugo Martins (PS), referiu uma "estimativa entre os seis e os sete milhões de euros de prejuízos".

O Governo anunciou que ia apoiar os municípios afetados pelo mau tempo deste mês, devendo as autarquias fazer o levantamento dos prejuízos até, no máximo, 15 de janeiro.

Em Odivelas (distrito de Lisboa), a freguesia da Póvoa de Santo Adrião-Olival Basto foi o local mais afetado, com a chuva forte e o transbordo da ribeira de Odivelas a inundar as zonas envolventes da Estrada Nacional 8 (que liga Odivelas e Loures) nas noites de 07 e 13 de dezembro.

No total, foram identificadas 62 famílias a necessitar de ajuda do Fundo de Auxílio Social de Emergência do Município, um "apoio direto às pessoas" em despesas como alimentação, medicamentos, óculos, livros escolares e faturas de água, eletricidade e gás, informou Hugo Martins.

Por isso, a autarquia decidiu criar um fundo municipal de 1,2 milhões de euros para "fazer face aos danos e prejuízos causados nas pessoas, empresas e movimento associativo", destacando-se neste último caso as perdas registadas na Santa Casa da Misericórdia da Póvoa e no clube União Desportiva e Recreativa de Santa Maria.

Depois de contactar com 92 empresas no concelho, o município vai disponibilizar um "atendimento personalizado" na Casa da Cultura, na Póvoa de Santo Adrião, nos dias 21 e 22 de dezembro, assim como no Pavilhão Multiúsos de Odivelas, nos dias 27 e 28 de dezembro.

"Temos feito um atendimento personalizado com as pessoas. Vamos fazê-lo agora também com as nossas empresas", explicou Hugo Martins, acrescentando que "mais de 90% dos negócios do comércio local já estão reabertos".

Sobre a prevenção de novos episódios na Póvoa de Santo Adrião-Olival Basto, freguesia que tem "zonas ameaçadas pelas cheias" assinaladas no Plano Diretor Municipal, o autarca socialista pediu uma solução integrada.

"Não obstante todas as intervenções que possam ser feitas pelos municípios para mitigar estes episódios, terá de haver, entre as entidades da administração central e local, soluções para momentos em que temos os níveis de pluviosidade que se verificaram, em simultâneo com a maré cheia no rio Tejo", referiu.

Nestas condições, sublinhou, a ribeira de Odivelas não consegue "entregar as suas águas" ao rio Trancão (que atravessa Loures e desagua no rio Tejo).

Hugo Martins já tinha anunciado que o município vai colocar uma proteção junto a esta ribeira, onde morreu um taxista no dia 11 de dezembro na sequência de um despiste, algo que, segundo os moradores ouvidos pela Lusa nesse dia, ajudaria a evitar também cheias no bairro localizado no Olival Basto.