Mercado imobiliário pode crescer 8% em Portugal durante 2025
O mercado imobiliário português prepara-se para mais um ano de crescimento em 2025, de acordo com o mais recente relatório Real Estate Market Outlook da CBRE, consultora líder na prestação de serviços para o mercado imobiliário, que prevê um crescimento de 8%, face a 2024, alcançando um volume de investimento de 2,5 mil milhões de euros.

Num evento realizado ontem em Lisboa, no Museu do Oriente, foram apresentados os principais dados deste estudo, que destacam o desempenho positivo nos segmentos de hotéis e retalho, a procura crescente por espaços logísticos modernos, o papel chave do talento na atratividade para o segmento dos escritórios e o avanço da sustentabilidade como critério obrigatório para novos projetos de forma transversal a todos os setores.
Francisco Horta e Costa, Diretor-Geral da CBRE Portugal, afirmou que "Portugal mantém-se como um destino estratégico para o investimento imobiliário com um desempenho sólido. Esperamos um ano alinhado com 2024, com desafios claros, nomeadamente no que à sustentabilidade diz respeito: deixou de ser opcional e tornou-se central para a competitividade dos ativos. Em 2025, a capacidade de adaptação será crucial para aproveitar as oportunidades que o mercado continua a oferecer".
O perfil dos investidores e do investimento
Ao analisar o perfil dos investidores que alavancam o dinamismo registado no setor imobiliário português, a CBRE indica que 40% dos mesmos investiram no nosso país pela primeira vez em 2024. Do valor investido 54% concentra-se em Lisboa e 7% no Porto, sendo o restante distribuído pelas demais regiões. A origem do capital tem um peso de 25% nacional, 75% internacional e 62% das transações foram de um único ativo (single asset transactions), enquanto 38% foram transações de portefólios compostos por vários ativos imobiliários.
Segmento de escritórios ultrapassará a barreira dos 30€/m² em 2025
Em 2024, o segmento de escritórios em Portugal reafirmou-se como estratégico, com take-ups de 209.000m2 em Lisboa e de 74.000m2 no Porto, crescendo, face ao ano anterior, 81% e 49% respetivamente. O país destaca-se pela procura por parte de multinacionais, devido à mão-de-obra altamente produtiva, qualificada e, sobretudo, competitiva. Prevê-se que, em 2025, este mercado se mantenha em linha com o registado em 2024, projetando-se ainda, de acordo com os dados apresentados, um aumento das rendas com Lisboa a alcançar pela primeira vez os 30€/m²/mês, face aos 28€/m²/mês registados em 2023, e no Porto a estabilizar nos 20€/m²/mês.
O boom do retalho
O setor de retalho demonstrou um desempenho sólido no último ano, com destaque para o comércio de rua, centros comerciais e retail parks, cuja performance tem sido acompanhada por um equilíbrio entre o consumo físico e digital. O high street retail (comércio de rua) teve, em 2024, o take-up mais alto desde que há registo, em muito alavancado pelas 211 aberturas registadas, sendo 149 em Lisboa e 62 no Porto, registando um crescimento de 6% face ao ano anterior. Destaca-se ainda a relevância do setor da restauração, que representou 114 das aberturas acima mencionadas. O desafio apontado para 2025 é a fraca oferta face à elevada procura por espaços, especialmente nas zonas mais premium e turísticas onde se concentra o footfall.
Turismo continua a impulsionar o setor da hotelaria
No setor da hotelaria, o aumento do turismo continua a potenciar o interesse dos investidores, com um aumento de 5,3% no volume total de turistas entre janeiro e novembro de 2024, em comparação com o período homólogo. Em 2024 este setor captou 22% do volume total investido em imobiliário e é esperado que, em 2025, a percentagem ascenda a 29%. O dinamismo no setor é atribuído a um turismo com alto poder aquisitivo e ao aumento de oferta de maior qualidade, resultando num aumento de 10% das receitas face ao ano anterior.
Logística, um setor de enorme procura marcado pela falta oferta
O setor logístico consolidou-se como uma das maiores oportunidades para investidores, registando, em 2024, o melhor ano de sempre em absorção de espaços industriais (416.000 m²) desde o estabelecimento do Portuguese Industrial Prime Index. Esta absorção não foi maior pois, apesar da enorme procura latente, não existem projetos qualitativos no mercado para responder à mesma. As rendas ascenderam aos 5,50€/m2 no Grande Porto e aos 5,25€/m2 na Grande Lisboa, sendo que, em 2025, é esperado que atinjam os 6,00€ e os 5,75€ respetivamente, com uma absorção total próxima à do ano anterior.
Nos próximos anos, prevê-se o lançamento de grandes projetos industriais, o que poderá indiciar a capacidade portuguesa de capitalizar o seu potencial de nearshoring devido à posição estratégica do país, a talento qualificado e com elevado grau de fluência em inglês, nível salarial competitivo e segurança e estabilidade energética.
A sustentabilidade deixou de ser um nice to have e tornou-se um fator obrigatório
A sustentabilidade é incontornável de forma transversal a todos os segmentos. A CBRE destaca que o mercado está a transitar de um conceito de "green premium" para "mandatory green", onde ativos que não respondam aos critérios ESG serão cada vez mais excluídos ou sofrerão enormes negociações de rendas (brown discount). Este novo paradigma reflete o papel central das práticas sustentáveis no sucesso dos ativos imobiliários. Adicionalmente, "financiamento" é a palavra de ordem, num contexto em que 54% dos investidores acredita que terá acesso a melhores condições de financiamento caso o projeto cumpra critérios de sustentabilidade.
De acordo com Francisco Horta e Costa, "com a logística e os escritórios a afirmar-se como setores dinâmicos e estratégicos, 2025 será um ano para consolidar o potencial de Portugal enquanto hub competitivo no sul da Europa. A combinação de talento qualificado, novas infraestruturas industriais e um compromisso crescente com a sustentabilidade posicionam o país como uma escolha natural para investidores que procuram encontrar oportunidades num mercado em transformação".