Semana Mundial do Ritmo Cardíaco: Aprenda a controlar a Fibrilhação Auricular

09-06-2021

Na Semana Mundial do Ritmo Cardíaco, vale a pena reforçar a importância de conhecermos o nosso. Só assim poderemos detetar eventuais arritmias e controlá-las atempadamente.

Por: Luísa Fonte, Médica

As arritmias, isto é, doenças que cursam com um descontrolo no ritmo cardíaco, poderão, ou não, causar sintomas. As arritmias assintomáticas são muitas vezes detetadas apenas em exames clínicos de rotina ou por meios complementares de diagnóstico (como o eletrocardiograma) pedidos por outros motivos. Noutras situações, na ausência de sintomas ou na presença de sintomas frustres, estas arritmias poderão só ser diagnosticadas até causarem um evento grave ao ponto de ser inevitável a investigação; nestes casos, o diagnóstico poderá já chegar tarde.

A Fibrilhação Auricular é a arritmia mais comum a nível mundial, e, como as restantes, poderá cursar com ou sem sintomas. Caracteriza-se pela irregularidade da contração auricular, que provoca a estagnação do sangue e facilita a formação de coágulos no interior do coração. Se estes coágulos entrarem na corrente sanguínea, poderão chegar às artérias que irrigam o cérebro e causar um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A Fibrilhação Auricular não tratada está, por isso, associada a um elevado risco de mortalidade. Contudo, para a tratar atempadamente é imprescindível diagnosticá-la antes de causar complicações.

A forma mais prática de detetar arritmias como a Fibrilhação Auricular é a medição do pulso - um gesto simples e acessível a todos, mesmo sem formação em saúde, e que permite perceber se há alguma irregularidade no batimento cardíaco. Uma vez detetada uma arritmia, esta poderá ser confirmada através de exames complementares de diagnóstico, como o eletrocardiograma ou o Holter de 24 horas, pedidos pelo seu médico assistente.

Os sintomas e as complicações da Fibrilhação Auricular podem ser evitados, minorados ou controlados através de alterações nos hábitos de vida. Será também imprescindível a instituição de algumas terapêuticas, nomeadamente, na maioria dos doentes com Fibrilhação Auricular, os anticoagulantes orais, sendo atualmente os anticoagulantes orais não antagonistas da vitamina K (também denominados de anticoagulantes orais diretos - DOAC) a classe terapêutica mais eficaz e segura na generalidade dos doentes (salvo algumas exceções).

Esta terapêutica ocupa uma posição central no controlo das complicações desta arritmia, por evitar os fenómenos tromboembólicos, prevenindo, por exemplo, o AVC. É, por isso, essencial o seu cumprimento escrupuloso, sem alterações ou omissões da sua toma sem consultar o médico assistente. Para além disso, poderá também estar indicado a toma de outros fármacos que controlem a frequência cardíaca.

A que sintomas e sinais devemos estar atentos?

Apesar de muitos indivíduos com Fibrilhação Auricular serem assintomáticos, existem alguns sintomas ou sinais que devem dar o alerta ao doente, e motivar consulta com o médico assistente. Sintomas como sensação de palpitações ou aperto no peito, tonturas, episódios de desmaio, dificuldade em respirar ou cansaço mantido poderão surgir. Objetivar, pela avaliação do pulso, a irregularidade dos batimentos cardíacos, habitualmente com uma pulsação rápida, será também um sinal de alerta a ter em consideração.

A identificação precoce destes sinais e sintomas permite um diagnóstico atempado, crucial para a prevenção de complicações, como o AVC, permitindo que a pessoa com Fibrilhação Auricular tenha uma longa esperança de vida e, acima de tudo, com excelente qualidade de vida.

Reduza ou elimine comportamentos de risco

Para além do avançar da idade, um fator de risco para arritmias não passível de modificação, existem múltiplos comportamentos de risco que podem causar, precipitar ou agravar a Fibrilhação Auricular. Entre eles destacam-se o tabaco, o consumo de cafeína, de bebidas alcoólicas ou de outro tipo de drogas, a manutenção de estilos de vida sedentários, o stress e a toma indevida de alguns medicamentos. Comorbilidades como a Obesidade, a Diabetes, a Insuficiência Cardíaca, a Hipertensão Arterial, a Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono e a Doença Coronária representam também um risco acrescido para o desenvolvimento desta arritmia.