Sintra limita trânsito no centro histórico a partir da Páscoa
A circulação automóvel vai ser condicionada no centro histórico de Sintra, a partir do dia 26 deste mês, com a criação de sentidos únicos na Volta do Duche e na Estrada de Monserrate, informou hoje o município.
Segundo a câmara, a primeira fase de uma nova estratégia de mobilidade "vai condicionar o acesso rodoviário à vila histórica de Sintra", no distrito de Lisboa, permitindo "assegurar a acessibilidade dos veículos de emergência".
"A medida vai aumentar a segurança rodoviária e garantir a melhoria das condições de mobilidade pedonal, compatibilizando as condições de todos que visitam Sintra com as rotinas de quem vive e trabalha na zona", acrescenta uma nota da autarquia.
A partir das 22:00 do dia 26 deste mês, serão "alterados alguns sentidos de circulação e limitado o acesso a alguns arruamentos".
A autarquia vai concretizar uma polémica proposta do tráfego, a partir de São Pedro, se fazer no sentido descendente, pela fonte da Sabuga para quem se dirigir para a Estrada da Pena, e pelo Palácio Valenças para quem quiser estacionar na Volta do Duche, que ficará apenas com um sentido, na direção da câmara.
Um grupo de moradores e comerciantes entregou, em junho de 2015, um abaixo-assinado contra estas alterações na circulação viária na vila, argumentando que só após a construção de parques de estacionamento na periferia se devia equacionar a alteração ao trânsito.
Os veículos que descerem a Rua Marechal Saldanha (atualmente com sentido ascendente) podem seguir diretamente para a Estrada da Pena ou para a Rua Barbosa do Bocage, até junto da Quinta da Regaleira, também com sentido único para a Estrada de Monserrate.
Veículos autorizados, nomeadamente de moradores, poderão desviar junto à Quinta do Relógio, para o Caminho dos Castanhais, mas os restantes terão de seguir para Monserrate, até à Quinta da Piedade, tendo de percorrer mais de uma dezena de quilómetros para regressar à vila por Galamares.
Se na Volta do Duche apenas passa a ser possível "sair" da vila, com ruas em torno do Palácio Nacional reservadas para viaturas autorizadas, uma rotunda em frente aos Paços do Concelho distribuirá tráfego para o parque de estacionamento do Rio do Porto, com sentido único descendente para a Ribeira de Sintra.
"Há dois anos e meio fizemos uma discussão pública, nós não temos só um problema de circulação, temos um problema de segurança", explicou à agência Lusa o vice-presidente da autarquia, Rui Pereira (PS).
O autarca minimizou eventuais críticas às mudanças, notando que "as alterações são sete" e existirão ruas para "viaturas autorizadas", nomeadamente de moradores, que "para irem para a vila não precisam da Volta do Duche", dispondo de três outros acessos.
"Não conseguimos cortar o trânsito na totalidade, mas vamos garantir que os moradores têm onde estacionar, que hoje não têm, e vamos garantir que as pessoas andam a pé com calma, porque isto não é para veículos pararem na via para tirar fotografias", frisou Rui Pereira.
O vice-presidente justificou o sentido único ascendente entre a Regaleira e Seteais com a dificuldade do cruzamento de duas viaturas e alegou que a distância por Galamares "é praticamente a mesma" regressando à vila por Monte Santos.
A autarquia informou que "as alterações vão também permitir aumentar a atratividade dos parques de estacionamento dissuasores", na Portela de Sintra, limitando o centro histórico a "veículos autorizados de residentes, atividades económicas, recolha de resíduos", bombeiros e autoridades.
A câmara assegurou continuar "a desenvolver os meios de mobilidade sustentáveis que possibilitem uma ligação eficaz dos parques de estacionamento ao centro histórico e às principais atrações turísticas", com aumento da rede de transportes públicos, incluindo de rotas turísticas.
Os moradores no centro histórico devem solicitar, junto da Empresa Municipal de Estacionamento de Sintra (EMES), um dístico de estacionamento e os trabalhadores podem requerer um passe para as carreiras de ligação aos parques dissuasores na Portela de Sintra.
As alterações foram apenas aprovadas, na reunião de câmara privada de terça-feira, pelos eleitos socialistas, perante a ausência do vereador da CDU.
Em comunicado, os vereadores da coligação liderada por Marco Almeida (PSD/CDS-PP/MPT/PPM) explicaram que votaram contra a proposta de alterações à circulação, por ser "omissa qualquer memória descritiva que sustente o modelo proposto, em termos de diagnóstico fundamentado e das opções defendidas".