União Europeia premeia recuperação do Jardim Botânico do Palácio de Queluz

15-05-2018

A Parques de Sintra-Monte da Lua quer juntar o Prémio da União Europeia para o Património Cultural/Europa Nostra da conservação do jardim botânico do Palácio Nacional de Queluz, no concelho de Sintra, ao reconhecimento do público.

"Além deste importante reconhecimento feito por um júri especializado e conceituado, está agora aberta uma votação a nível europeu por parte do público, que permitirá ao jardim botânico ser eleito o melhor projeto da Europa no Prémio Escolha do Público", salientou à Lusa o presidente da Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML), Manuel Batista.

A reabilitação do jardim botânico de Queluz foi distinguida na edição deste ano do Prémio da União Europeia para o Património Cultural/Prémios Europa Nostra, na categoria de conservação, anunciou hoje em comunicado a organização.

A Comissão Europeia e a Europa Nostra, principal organização europeia do património, anunciaram que "os 29 vencedores de 17 países" reconhecidos "pelas suas realizações notáveis nos domínios da conservação, investigação, serviço dedicado e educação, formação e sensibilização" vão receber os prémios a 22 de junho.

No Centro de Congressos de Berlim serão também revelados os sete galardoados com o Grande Prémio Europa Nostra, a partir dos premiados agora anunciados, e o vencedor do Prémio do Público, a partir da votação 'online" em https://vote.europanostra.org/.

"De sublinhar que Portugal nunca venceu este Prémio Escolha do Público, como tal apelamos aos portugueses que se unam a nós neste esforço conjunto de trazermos este prémio para este jardim e para Portugal", acrescentou o presidente da PSML.

O jardim botânico do Palácio Nacional de Queluz, cuja origem remonta a cerca de 1770, "foi completamente devastado pelas cheias de 1983", lembrou Manuel Batista.

A sociedade de capitais públicos lançou, em 2012, um projeto de investigação para a reconstrução do jardim, apoiada na identificação dos elementos ornamentais e de alvenaria deslocados durante a catástrofe e recuperados dos escombros.

Segundo a PSML, a coleção botânica foi estabelecida com o apoio da Botanic Gardens Conservation International e envolveu vários parceiros europeus, num investimento de cerca de 815 mil euros através de receitas próprias da empresa.

"Este projeto foi bem-sucedido na redescoberta e recuperação de um jardim que se pensava perdido. Para isso recorreu-se a investigação arqueológica, à análise dos fragmentos restantes do jardim e da documentação existente", notou o júri, citado no comunicado da organização.

Os trabalhos incluíram a reconstrução de quatro estufas e o restauro e conservação de azulejos pintados e elementos em alvenaria, tais como a fonte ornamental e as estátuas circundantes, elementos que regressaram ao seu lugar original no jardim.

A recuperação dos muros e pavimentos, com introdução de novos sistemas energéticos, de gestão de água e de segurança, foram complementados com um projeto educacional e interpretativo.

"O projeto é um excelente exemplo de colaboração interdisciplinar que envolveu também a comunidade local. A divulgação dos resultados foi forte e possibilitou a conclusão do projeto. Isto irá criar sensibilização quanto aos resultados e garantir a sua sustentabilidade", sublinhou o júri.

Como destacou a organização, Queluz tinha um dos quatro jardins botânicos construídos no século XVIII em Portugal, com ligações a alguns dos mais antigos jardins botânicos da Europa durante o período do Iluminismo, nomeadamente de Pádua (Itália), Madrid (Espanha) e Amesterdão (Holanda).

A descoberta do 'Index' de Manuel de Moraes Soares, datado de 1789, serviu de base para a reconstituição da coleção botânica, através de contactos com jardins de toda a Europa para obter plantas dos seus bancos de sementes e viveiros.

No interior das estufas, de acordo com os registos históricos encontrados, foram plantados ananases, produzidos em tempos para os banquetes de Queluz.

O jardim botânico reabriu ao público em junho de 2017 e o presidente da PSML "congratula-se por ver reconhecido o esforço e o empenho" colocado na sua recuperação, "com a atribuição do Prémio Europa Nostra na categoria de conservação".

A PSML, que venceu desde 2013 o World Travel Award para melhor empresa do mundo em conservação, já foi distinguida com o Prémio União Europeia para o Património Cultural/Europa Nostra, na categoria de conservação, pelo projeto de recuperação dos Jardins e Chalet da Condessa d'Edla, no Parque da Pena, na serra de Sintra.

A organização Europa Nostra é representada em Portugal pelo Centro Nacional de Cultura.